As Salinas de Rio Maior
A Importância do Sal
O sal na antiguidade era uma substância muito importante no comércio entre os povos, chegando a ser moeda de troca, sendo por esse motivo que hoje chamamos de "Salário" ao pagamento do nosso ordenado mensal. Para além de moeda de troca e de condimento, era também utilizado como método de conserva de alimentos como carne e peixe, e igualmente na preparação de peles e conservação de couros utilizados na produção de objectos. Estas técnicas eram já utilizadas por civilizações muito antigas, anteriores a gregos e romanos, daí a importância da exploração de sal.
A conjugação da elevada importância económica e excelente localização das salinas de Rio Maior, contribuiu para a inclusão das Salinas no conjunto de privilégios que o rei D. Afonso Henriques atribuiu às ordens religiosas da época, a Ordem de Cister de Alcobaça e a Ordem do Templo, e mais tarde Ordem de Cristo.
A Safra do Sal
Rio Maior dista uns bons quilómetros do mar. contudo a Natureza encarregou-se de "oferecer" esta dádiva a este lugar. O sal extraído das Marinhas de Sal é proveniente de uma mina de sal-gema, muito extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea que alimenta o poço de onde é extraída água "mais salgada que a do mar".
A exploração das salinas fez-se durante séculos com processos rudimentares que se mantiveram até à poucos anos atrás. A água era retirada com dois baldes por meio de duas grandes picotas. Apesar de ser um método introduzido na Península Ibérica pelos árabes, consta-se que antes deles já os romanos exploravam as Marinhas a larga escala.
Esta água é conduzida através de "regueiras", para os talhos onde permanece tranquilamente esperando que o sol faça o seu trabalho de evaporação e deixe a descoberto os cristais de sal. O processo é rudimentar e semelhante ao efectuado nas salinas de mar. Os talhos são feitos de cimento e pedra, de tamanho variado e pouco fundos. O acesso ao talhos é feitos por estreitos carreiros denominados por "baratas".
O sal depois é limpo e colocado em pequenas pirâmides brancas até ser recolhido para ser comercializado.
Actualmente a água da mina é retirada recorrendo a motores eléctricos havendo capacidade de abastecer 450 talhos.
Depois de seco, o sal era recolhido e armazenado nas típicas e toscas casas de madeira. Toda a estrutura onde era armazenado o sal teria de ser em madeira para evitar a corrosão acelerada dos metais em contacto com o sal. Para evitar esses episódios, foram adoptadas fechaduras todas em madeira com um funcionamento muito particular. Actualmente existem armazéns maiores e mais sofisticados para fazer esse armazenamento. A safra do sal dura de Julho até meados de Setembro. Por este motivo, o mês de Setembro será o mês indicado para visitarem as salinas no seu auge.
O Trabalho dos Marinheiros
Este era um trabalho duro e perigoso, pois de noite devido a exaustão era comum o marinheiro cair dentro do poço, e para que não houvessem mortes existia sempre uma escada de madeira no interior para que, depois do banho forçado, o marinheiro subisse e volta-se à "pega". Curiosamente, nessas quedas desastrosas apenas um deles partiu uma perna. Mesmo que não soubessem nadar, não haveria perigo de se afogarem porque as concentrações de sódio são tão elevadas que não permitia que se afundassem na água.
Constituição Química da Sal-Gema
Diz-se que por um litro de água da mina de sal-gema, obtém-se uma mineralização de 220 gramas de sal e são quase inteiramente constituídos por cloreto de sódio, o qual corresponde a 96% da mineralização total, o que significa que a água do poço de Rio Maior é constituída por cloreto de sódio quase puro.
Nos nossos dias esta indústria mantém-se e tem acompanhado a evolução dos tempos. Novos armazéns foram construídas e novas técnicas foram desenvolvidas dando origem aos mais variados produtos, que depois são comercializados nas lojas das salinas.
São nos antigos armazéns que funcionam as lojas de artesanato, lojas de vendas de sal e produtos feitos com sal, restaurantes e cafés.