Alhambra e Generalife
"Assentada
sobre a Colina Vermelha, a cidadela de Alhambra apresenta-se erguida, orgulhosa
e eterna, como um dos complexos arquitetónicos mais importantes da Idade Média
e máximo expoente da arte islâmica. "
É muito fácil ficar impressionado com o Alhambra. O efeito de luzes sobre as paredes do castelo e a própria envergadura do edifício remete-nos para tempos de glória e de imposição de um povo e/ou de um imperador.
Preparem a vossa visita!
A visita
deve ser marcada e paga com alguma antecedência. Na realidade essa reserva
aplica-se apenas à visita dos Palácios Nazaríes, uma vez que aí o numero
entradas é limitado, sendo que o visitante dispõe de apenas meia hora para
visitar o interior dos palácios.
Existem vários tipos de bilhetes e a diversas horas, inclusive a visita noturna. Eu aconselho que compre o bilhete General Diurna que dá acesso ao Generalife, Alcazaba (castelo), jardins e Palácios Nazaríes. Atenção que o Palácio Carlos V é gratuito e alguns jardins também. A compra dos bilhetes deve ser efetuada com a maior antecedência possível para conseguir garantir visita. Nós comprámos com três meses de antecedência e por pouco já não conseguíamos bilhetes.
A colina que
acolhe Alhambra tem forma de triângulo com um perfil em forma de um navio, cuja
proa, é formada pela Alcazaba, voltada de forma imponente para a cidade.
Efetivamente, Alhambra cresceu de século para século e todos os dias aumentou o
seu esplendor. Não foi planeada desde o princípio como uma unidade formada por
várias construções mas, sim, formou-se a partir de uma Alcazaba (castelo) que
já existia no final do século IX. Desde então, foi sendo construída e
destruída, conquistada e reconquistada, com ou sem respeito dos conquistadores
pela herança muçulmana, certo é que ao nossos dias chegou um lindíssimo
conjunto monumental com muitos séculos de História e de histórias.
1. Puerta de
Las Granadas
Nós
iniciámos a nossa visita pela Puerta de Las Granadas, fazendo tudo a pé desde
da Plaza Nueva em direção á colina do Alhambra. Esta porta é a entrada mais
popular de acesso ao recinto monumental do Alhambra com passagem pelo Bosque de
Alhambra. A plantação do bosque teve inicio na época de Carlos V e foi sofrendo
modificações ao longo dos séculos. Atualmente, quem entra pela Puerta de Las
Granadas, entra por uma alameda plantada a beira do caminho.
2. Pilar de
Carlos V
O Pilar de
Carlos V é uma fonte (pilar) que foi construída à entrada do recinto, em
1543, como forma de afirmação de um nova realidade histórica aquando a
cristianização da cidade. Agora este espaço pertenceria ao imperador, mantendo
a preservação do passado muçulmano.
3. Puerta de
La Justicia
A Puerta de
La Justicia é atualmente a única entrada ao recinto amuralhado da Madina
Al-Hamra, a cidade de Alhambra. Esta porta foi desenhada de forma a dificultar
a entrada de invasores, transformando-se num excelente ponto de resistência. As
denominações atribuídas a esta porta talvez estejam associadas à inscrição que
diz "faça Deus prosperar nela a justiça do Islão".
Vale a pena observar!
Esta porta
tem alguma simbologia associada, nomeadamente uma mão desenhada no topo do arco
exterior, em forma de ferradura. Esta mão parece corresponder aos cinco dedos
que os muçulmanos chamam al-Hamsa, ou seja, os cinco preceitos fundamentais do
Islão. São ela: a crença num só Deus e no seu messias Muhammad (Maomé), a
oração cinco vezes ao dia, a esmola (imposto religioso), o jejum ou Ramadão e a
peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.
4. Puerta
del Vino
Esta porta
está associada, genericamente, ao mercado de vinho livre de impostos que tinha
lugar no seu interior desde 1554. Contudo, esta era a porta principal que dava
acesso à Alhambra Alta onde viviam quase 2000 habitantes.
5. Alcazaba
A fortaleza
Alcazaba aparece na história durante as guerras civis do século IX e as lutas
contra os invasores almorávidas e almohadas e sob diferentes denominações.
Houve quem a chamasse de fortaleza de Elvira ou Castelo de Granada, até que a
partir do século XIII, reafirma-se o nome de Qa'lat al-Hamra, o Castelo
Vermelho, que mantém até aos nossos dias. Após a reconquista cristã, esta
estrutura perdeu a sua identidade, contudo não podemos deixar de perceber que a
Alcazaba é o embrião silencioso da cidade de Alhambra com todo o seu
poder e esplendor.
A Plaza dos Aljibes será
a entrada para o Alcazaba, e temos logo a perspetiva da Torre Quebrada.
Iniciámos a
nossa visita pela Plaza de Armas, que era o local de uso dos
defensores da Alcazaba. A fundo vemos o interior da Torre Quebra,
que assim foi denominada por apresentar uma enorme greta que a marca de cima a
baixo, e foi aterrada até a altura da muralha.
A Torre
del Homenaje (Torre Menagem) é talvez a estrutura mais antiga do
edifício, tendo sido construída sobre outra já existente.
A Torre
de La Vela, foi construída como torre residencial, e é o local mais elevado
do castelo. A partir dela temos uma vista formidável de 360º sobre a cidade de
Granada e Sierra Nevada.
Saímos
pelos Jardim del Adarve, cujo nome se deve ao facto deste ter sido
construído sobre o adarve de uma das muralhas exteriores, aterrado no século
XVII. A fundo temos a Torre de La Sultana, que ficou mais baixa
quando aterraram o adarve para construir o jardim.
Em frente ao
Alcazaba ficam os Palácio Nazaríes e o Palácio Carlos V. Como ainda nos faltava
algum tempo para a entrada no Palácio Nazaríes, aproveitámos e fomos ao palácio
Generalife.
6.
Generalife
O Palácio de
Generalife era para onde o soberano de Granada, califas e mais tarde reis, se
retirava para passar temporadas de descanso longe das preocupações da corte.
Esta propriedade foi sempre composta por hortas e pomares, e por este motivo
alguns autores defendem que o seu nome, segundo inscrições árabes, vem da
tradução "horta principal" ou "a mais nobre e alta de todas as
hortas".
Atualmente
as hortas mantêm-se, apesar de em grande parte dos socalcos terem sido
plantadas algumas flores e plantas ornamentais. Para chegar ao Generalife
temos que passar por um corredor de ciprestes, o Paseo de Los Cipreses, que nos guiam até ao
palácio.
Algures a
meio do caminho dos ciprestes, encontramos um Anfitiatro moderno.
Este monumento foi construído sobre restos das antigas dependência agrícolas,
para ser utilizado nos Festivais de Musica e Dança granadinos.
A partir
daqui entramos nos Jardines Bajos, ou Jardines Nuevos, que foram
plantados sobre os pomares e são de construção mais recente (1931).
A partir dos
Jardins Bajos esta seria a vista que o califa teria sobre a cidade al-Hamra e
restante cidade de Granada.
Entramos no
edifício através do Pátio de Polo, que nos levará ao Pátio
de La Acequia, onde está plantando um belíssimo jardim.
Sabiam que…
Apesar de
ser o pátio mais antigo do edifício e de ter sofrido várias alterações, é a
zona que melhor conserva o estilo de jardim andalusí? No passado teria sido um
jardim completamente fechado lateralmente, que segundo a tradição de
"paraíso fechado", teria que ser invisível por fora e voltado sobre
si mesmo.
No lado
norte do pátio, bem no final da sala, que seria onde o sultão recebia as
visitas, foi construído um Mirante. Esta construção não foi pensada por
acaso. Este local oferece uma brisa fresca que alivia as extremas temperaturas
de verão, por mais surpreendente que seja. Este fenómeno acontece devido à
forma como foi projectado.
Patio del
Ciprés de La Sultana
Este pátio é
mais recente em relação ao anterior, tendo sido um prado com algumas
árvores.
Reza a lenda
que....
Era neste
local que a sultana, provavelmente a filha do sultão, se encontrava com um
Abencerraje, pelo qual se apaixonou. Por baixo do cipreste antigo, atualmente
seco, era onde esses encontros aconteceriam.
Após as
invasões francesas foi criado um jardim romântico por cima da zona degrada,
o Jardín Alto.
A partir do
Jardín Alto, subimos a Escalera de Agua, um dos poucos elementos
nazaríes que se conservam nesta zona. Esta escada tem a particularidade de ter
um corrimão de água, que corre do cimo até ao fundo como uma cascata.
Subimos uma
vistosa parreira de Glicínias que nos levam ao Mirador Romântico.
O miradouro
é uma obra do século XIX sobre muros de uma construção anterior. Supõe-se que
aqui houvesse um oratório, isto por causa da sua orientação e por ter ligação
com a Escalera de Agua. Junto deste edifício entra no recinto o canal que
fornece água à Escarlera.
A Casa
de Los amigos é o local por onde deixámos o Generalife e prosseguimos
o resto da visita.
7. Palácios
Nazaríes
Os Palácios Nazaríes são um complexo
de vários palácios que diferem entre si mediante a utilização que teriam na
época e ao longo dos séculos. No passado existiram sete palácios em todo o
complexo, sendo que apenas estes chegaram ao nossos dias. A visita segue o
alinhamento dos três palácios que a constituem, Mexuar, Comares e Leones com
suas dependências e anexos.
Palácio de
Mexuar
A
"porta de entrada" do palácio é o edifício Mexuar, onde
entramos para a Sala del Mexuar. Esta é talvez a parte mais
antiga conservada dos Alcázares reais. Nela funcionava o tribunal real. Após a
conquista cristã foi convertida numa capela, conforme o aspeto atual.
Oratório del
Mexuar
Encontra-se
ao fundo da Sala de Mexuar voltado para o bairro de Albaicín. Aqui ainda existe
um Mihrab construído segundo a dita orientação.
El Cuarto
Real
Pátio del
Mexuar e Fachada de Comares
Na fachada
existem várias inscrições dirigidas a Deus. A inscrição por cima da
janela significa "Só Deus é vencedor".
Palácio de
Comares
Aqui era o
centro da actividade diplomática e política de Alhambra e, seguramente, o lugar
onde celebravam as grandes recepções de embaixadas e, ao mesmo tempo o lugar em
que pessoas importantes esperavam o momento de serem recebidas pelo sultão.
Este é o Pátio de los Arraynes, com o seu enorme espelho de água.
Torre de
Comares
Salon de los
Embajadores
Leones
Esta parte
do palácio era o núcleo da casa privada do Sultão, na qual havia algumas
dependências destinadas às mulheres.
Pátio de Los
Leones
Sala de los
Reyes
Sala de las
Dos Hermanas
Mirador de
Daraxa-Lindaraja
O Partal
O Partal foi
uma zona jardinada, com belas mansões e esplêndidos palácios, que se perderam
com o tempo e deles apenas restam algumas ruínas, que juntamente com a Torre de
las Damas e alguns jardins "suspensos" estão inseridos no
Partal.
Torre de la
Damas
Trata-se de
um miradouro coberto, do qual se obtém uma perspetiva do bairro Albaicín, as
hortas do Generelife e os jardins interiores que beiram na alverca (ou
partal, conceito árabe) que se refletem.
Torreón de
la Falsa Rauda
Palácio de
Yusuf III
O palácio de
Yusuf III é um dos sete palácios que existiu no recinto e do qual somente
restam algumas ruínas.
Após a visita do Partal seguimos em o Paseo de los Cipreses em direção ao Secano da Alhambra Alta, uma zona menos valorizada mas também a menos bem conservada de todo o complexo. Aqui foi onde os conquistadores cristãos se instalaram e recriaram o espaço segundo os seus costumes.
8. Secano -
Alhambra Alta
A
Acequia Real
A Acequia
Real é um aqueduto que transportava água deste da Torre del Agua (na foto) até
outros pontos da cidade palatina, com aproveitamento da inclinação da
colina.
Jardins do
Palácio e Convento de San Francisco
O Convento
de San Francisco foi mando construir, sobre as ruínas de um palácio nazari,
pela Rainha Isabel em 1495 e atribuído á ordem de franciscanos.
9. Calle
Real
A Calle Real
é a rua mais emblemática da cidade palatina que liga o Convento de San
Francisco ao Palácio Carlos V.
10. Igreja
de Santa Maria de la Alhambra (Antiga Mesquita)
Com a
conquista cristão rapidamente as mesquitas foram convertida em igrejas, e por
isso a mesquita de Alhambra não poderia ser exceção. A entrada da
igreja/mesquita ainda se conservam os baños árabes.
Os Baños da
Mesquita
Antes das
orações, ou de qualquer ritual de carácter religioso, os fiéis tinham que se
purificar, daí existirem sempre estas instalações junto das mesquitas. Os
baños têm também uma conotação política e diplomáticas , uma vez que os
palácios também têm salas especificas para o efeito. Tal como os romanos, os
árabes também tinham bastantes cuidados com o seu corpo.
11. Palácio
Carlos V
O Palácio
Carlos V é um edifico aparentemente descontextualizado do complexo monumental
de Alhambra. Contudo, existe uma explicação para este facto. A certa altura
houve a intenção política de reforçar o valor e o poder da monarquia espanhola,
face à conquista de Granada. Desta forma, foi edificado um grandioso
palácio para representar a monarquia e sobretudo, para fazer parte do
património dos Palácios Reais de Espanha, ao invés de ficar reduzido ao
testemunho arqueológico de uma cultura vencida.
O palácio
alberga o Museu de Alhambra, várias salas de exposições temporárias e uma
capela, construída a mando do próprio Imperador Carlos V.
Aqui
terminamos a nossa visita guiada por Alhambra. Existe muito mais para dizer
sobre Alhambra e por ver, certamente. No dia em que visitámos Alhambra estava
bastante frio não foi possível usufruir dos jardins. Contudo, conseguimos ter
uma noção do poder das pessoas que governaram aquela cidadela.
Podem acompanhar os nossos Passeios de Alcatrão através do nosso facebook e instagram!