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Castelo Templário e Convento de Cristo - Tomar - Portugal

Visita Guiada ao berço dos Templários em Portugal



A cidade de Tomar deve a sua fundação à Ordem do Templo. A sua localização junto à linha defensiva do rio Tejo, foi um fator muito importante durante a reconquista cristã da Península Ibérica. 

Dicas de Viagem:
O estacionamento disponibilizado para os visitantes do Convento de Cristo é pago e aos fins de semana fica lotado em pouco tempo. Existem alternativas de estacionamento gratuito no centro da cidade, sendo que depois têm que subir até ao castelo a pé. As visitas são gratuitas, todos os domingos de manhã até às 14h, , apenas para residentes em Portugal.




Este roteiro é baseado na nossa experiência pessoal. Felizmente vivemos numa cidade próxima de Tomar e temos a oportunidade de visitar este Convento inúmeras vezes, e sempre que voltamos aprendemos mais sobre o monumento e sobre os templários. Esperamos que se consigam apaixonar pelo Convento de Cristo tal como nós!

Quem eram os templários!
A Ordem do Templo foi fundada em Jerusalém no ano de 1118 por Hugues de Payens, primo de São Bernardo de Claraval, com mais nove cavaleiros, com intuito de defender os peregrinos cristãos europeus que se deslocavam à Terra Santa para visitar o Santo Sepulcro. Eram franceses, mas a sua sede foi erguida no lugar da mesquita de Al-Aqsa, onde terá existido o Templo de Salomão, o que os tornou "Cavaleiros do Templo". Os irmãos que ao longo dos séculos se foram juntando à ordem nas diversas nações eram geralmente descendentes aristocratas. Segundos filhos de fidalgos, que como não seriam principais herdeiros da família, entregavam as suas vidas a ordens religiosas e militares ou à guerra. Esta seleção permitiu uma forte ligação da Ordem do Templo a famílias nobres da Europa e até mesmo a famílias reais.



A Fundação de Tomar e do Castelo Templário!
A fundação da cidade de Tomar coincide no tempo com a formação do Reino de Portugal, com a construção do castelo e com a chegada dos templários a este território. Na verdade Tomar, já teria sido habitado anteriormente por outros povos, nomeadamente pelos Romanos os quais construíram aqui a sua cidade e uma pequena fortificação. Contudo, o grande desenvolvimento de Tomar aconteceu quando o rei D. Afonso Henriques doa aos templários o Castelo de Ceras (estaria localizado em Alviobeira, perto de Tomar) e todo o território envolvente, em 1159. O território era atravessado pelo Rio Tomar (atual Rio Nabão), num fértil vale limitado por uma cadeia de colinas de relevo acentuado. Foi precisamente nessas colinas que D. Gualdim Pais decidiu construir o castelo e a primitiva vila de Tomar. 


Só por curiosidade!
São Bernardo de Claraval foi um grande impulsionador na fixação em Portugal das duas grandes ordens religiosas da Europa na época, a Ordem de Cister e a Ordem do Templo. São Bernardo tinha uma ligação com D. Afonso Henriques, o qual já teria atribuído vários territórios portugueses à ordem de Cister, de forma a obter o apoio junto do Papa. Será importante referir que a Ordem do Templo seria o grande braço guerreiro da Ordem de Cister. 


Transição da Ordem do Templo para a Ordem de Cristo!
A dada altura os templários começaram a ser perseguidos em França pelo rei D. Filipe IV em 1307 e no dia 13 de Outubro desse ano foram presos todos os membros e mestres da ordem. Nesse ano o dia 13 calhou a uma sexta-feira logo por azar! Os templários foram vitimas de quatro falsas acusações. Foram acusados da "Negação da Cruz", da "Negação a Cristo", de "Práticas consentidas ou forçadas de homossexualidade" e da "Adoração do Baphomet (um ídolo)".
Os templários eram muito ricos, e na França eram vistos como nobres e não como guerreiros, e por este motivo eram odiados pelo povo porque o rei tinha-lhes atribuído a função de cobradores de impostos. Em Portugal e Espanha, eram visto de forma diferente, tinham prestigio de guerra porque lutavam pela reconquista cristã da Península Ibérica. O Papa Clemente V acabou por extinguir a ordem. Alguns templários conseguiram fugir e refugiaram-se na Escócia, Inglaterra e Portugal, onde as penalizações foram menos severas. O rei D. Dinis em vez de banir os templários, extingue a ordem e cria uma nova, a Ordem de Cristo em 1319, para a qual são transferidos todos os bens que pertenciam à Ordem dos Templários. A partir de 1417 o cargos de mestre da ordem passaram a ser assumidos por dignatários da casa real. O primeiro elemento neste regime foi o Infante D. Henrique.  


Esta visita divide-se em duas partes, a do Castelo, Muralhas e Charola, parte construída pela Ordem do Templo, e o Convento e Claustros construídos após a conversão em Ordem de Cristo. 


Iremos começar do mais antigo para o mais "recente", iniciando a visita pelo castelo. 

O Castelo
O Castelo de Tomar começou a ser construído no ano de 1160 (século XII) com D. Gualdim Pais como mestre da ordem em Portugal, e amigo de D. Afonso Henriques. No século XII, a cinta amuralhada dividia-se em três recintos: na parte sul seria o recinto da vila (onde hoje está o laranjal), na parte norte e mais elevada foi estabelecida a casa militar dos  cavaleiros (onde estaria a casa do mestre) bem como a Alcáçova e Torre de Menagem, e por último a poente o oratório dos templários, a famosa Charola.
 
Alambor do Castelo de Tomar
                                       
1. Porta do Sol
A Porta do Sol é a atual porta de entrada do recinto amuralhado, e já o era no século XII. É daqui que a muralha exterior inicia o seu percurso para sul, onde outras estruturas defensivas são inseridas, tais como a Torre do Relógio, a Torre da Condessa e a misteriosa Porta do Sangue.



2. Praça de Armas e cinta amuralhada
A Praça de Armas é o postal do convento e onde tudo pode acontecer. Numa das vezes que a visitamos encontrámos um templário! É a partir daqui que têm acesso à antiga Almedina e aos jardins, que por sinal, são muito bonitos e proporcionam um passeio muito agradável em contacto com a Natureza. 








Torre da Condessa





Porta do Sangue

3. Alcáçova do Castelo e Torre de Menagem
Da alcáçova do castelo destaca-se a elevada Torre de Menagem, originalmente sem ligação à muralha, representando uma das novas técnicas de construção militar introduzidas pelos templários. 

                                          



4. Portal Sul e Terreiro da Entrada
Este belo terraço é atualmente a porta de entrada para o Convento de Cristo. A partir daqui temos uma perspetiva para a Sala do Capítulo, ou do que dela sobra. A impressionante Porta Manuelina, a Porta Sul dá acesso direto ao interior da Charola.




Esta porta foi obra de João de Castilho a mando do rei D. Manuel I. Este será o primeiro contacto com a mensagem do rei Manuel I, que irá ser melhor compreendida noutros elementos no interior. No centro do portal está a imagem da Virgem com o Menino, acompanhada pela imagem de São Jerónimo e São Gregório, Santo Agostinho e Santo Ambrósio e abaixo destes São João Evangelista (com poses visionárias). Acredita-se que numa das imagens acima do vão esteja a imagem do rei Salomão. 


O Convento
O convento surgiu com a conversão da ordem religiosa militar para uma ordem religiosa de clausura. Aqui várias épocas se cruzam e formam uma sinfonia arquitetónica única, que eleva um dos cinco claustros como uma das melhores obras arquitetónicas da europa, na época. Diogo de Arruda foi o primeiro grande mestre de obras do convento ao serviço de D. Manuel I, sendo que foi o seu sucessor João de Castilho, o "espanhol mais português", que foi o responsável por algumas reformas posteriores do convento, já no reinado de D. João III. 

5. Claustro da Lavagem e Claustro do Cemitério
A visita ao interior do convento começa no claustro do cemitério. Pelo lado esquerdo chega-se ao claustro da Lavagem que permite  o acesso à varanda onde apreciamos os Paços Henriquinos.


6. Paços do Infante ou Paços Henriquinos
Estando nos Paços do Infantes significa que estamos no interior do convento.



7. Charola e Coro Manuelino
A Charola na sua origem teria mais ou menos a mesma forma atual e seria despojada de quais tipo de ornamentos decorativos, num ambiente escuro existindo luz apenas no centro, com entrada virada a nascente (orientação para Jerusalém) e pouco sumptuosa. Deve o seu aspeto atual à campanha de obras empreendida pelo rei D. Manuel I a partir de 1510. O rei, e atual governador da Ordem de Cristo, vai mandar rasgar uma das paredes da charola e construir um grande arco triunfal atribuindo uma nova função à charola, a de Capela-mor. Junto à fase ocidental da Charola foi construído o alto-coro, onde o cadeiral foi instalado no piso superior e a sacristia no piso inferior. Do lado de fora do edifício do coro alto ergue-se a famosa janela manuelina. É de salientar que esta não é "filha única", a partir do claustro principal é possível encontrar mais exemplares, colocados de forma despercebida. 





A Charola é uma rotunda octogonal cujo objetivo era reproduzir um edifício de planta centrada e circular, tendo por base de inspiração o Santo Sepulcro em Jerusalém, que apresentava uma planta semelhante. Outro edifício que partilha esta característica é o atual edifício da Cúpula do Rochedo, o antigo templo de Salomão. Foi a fusão destes dois edifícios que inspiraram a construção da Charola do Convento de Cristo, logo estamos perante a evocação de Jerusalém em Tomar, através dos cavaleiros templários. D. Manuel  I não ficou indiferente a esta mensagem e decidiu celebrar o lugar da ressurreição de cristo através da arte. Na estrutura central foi colocado um calvário com a inscrição de Jesus, IHS (Iesus Homunium Salvator - Jesus Salvador dos Homens) bem como no centro do teto da Charola. A estrutura foi descorada com pinturas cujo o tema era a Paixão de Cristo e outras alusivas à Dor de Maria. Nas paredes exteriores estariam catorze tábuas, das quais só sobreviveram sete. Catorze é o número canónico atribuídos aos episódios da Paixão de Cristo. Nesta obra estiveram envolvidos vários pintores e escultores, nomeadamente Jorge Afonso (pintor régio), Fernão Agnes e o escultor Olivier de Gand.



Forma exterior da Charola

8. Claustro Principal ou Claustro Grande ou Claustro de D. João III 
A este claustro nomes não lhe falta, não fosse ele uma das mais belas peças da arquitetura europeia do Renascimento. Foi desenhado por Diogo de Torralva, a mando do rei D. João III que havia suspendido a obra de João de Castilho. Este claustro é uma sinfonia arquitetónica porque apresenta o estilo manuelino perfeitamente conjugado com o estilo romano clássico introduzido por Torralva. Esta obra representa a afirmação do Renascimento em Portugal.





9. Sala do Capítulo



10. Cozinha e Refeitório




Loiça datada do século XVIII

Estas estruturas serviriam para colocar as panelas de forma a manter a comida quente enquanto era servida no refeitório 

Púlpito onde era pregada a oração durante a refeição

11.  Janela Manuelina e Claustro de Santa Barbara
A janela manuelina faz parte do edifício do alto-coro e está virada para o Claustro de Santa Barbara. O claustro foi construído em cima de um antigo povoado. Este claustro permite a ligação ao dormitório do convento.  


A construção da fachada ocidental do coro foi encomendada pelo rei D. Manuel I a Diogo de Arruda, sendo que as obras decorreram entre 1510 e 1513. A fachada organiza-se entre dois grandes contrafortes laterais e no eixo central a famosa janela. A Janela esta decorada com motivos vegetalistas, coroada pela cruz de cristo e ladeada por duas esferas armilares. Está aqui representado o tronco de Carvalho, designado no cristianismo como a "arvore sagrada". No fundo, esta fachada é uma "propaganda ao rei". 


Os dois contrafortes possuem uma mensagem igualmente poderosa. Para perceberem melhor a mensagem de D. Manuel, sugerimos que façam a leitura a partir do piso superior do claustro de Santa Barbara (praticamente um telhado) e encarem a obra de frente. Do lado esquerdo está representado o céu e do lado direito está representada a Terra. Fazendo a leitura de baixo para cima, no lado esquerdo, o "lado celestial" mostra raízes cortadas e o lado oposto mostra raízes completas representando a necessidade da ligação dos Homens á terra. As raízes do lado esquerdo são cortadas por um colar de elos e as do lado direito são cortados por um cinto com uma fivela, utensilio humano. No nível superior do lado esquerdo estão representados anjos e do lado direito homens. Os três anjos representados transportam escudos de armas (esfera armilar), que representa a ligação do poder celestial ao poder do rei, do lado oposto os quatro guerreiros são reis de armas cujos escudos ostentam símbolos régios e da Ordem de Cristo. Aqui também estão representados objetos relacionados com a navegação, como por exemplo a corda de boias utilizada nos navios, aplicada em redor de toda a fachada. Aqui estão representados a Terra, o Mar e o Céu, com o rei D. Manuel numa figura central. 








10. Claustro da Hospedaria
Este claustro foi construído entre 1541 e 1542 e destinava-se a hospedar todos os visitantes do convento, apresentando por isso um aspeto nobre.  



11. Dormitórios
O atuais dormitórios foram construídos em 1629. As portas são propositadamente baixas para que fisicamente o frade se tenha que curvar para entrar no seu aposento. No fundo é a necessidade de haver um recolhimento físico obrigatório. Nesta parte do convento existiam um impressionante sistema de aquecimento central, bastante avançado para a época. Numa das extremidades foi construído um Calafetorium, o qual permitia a chegada de ar quente a todos os quartos, quer pela caixa de ar do teto comum a todas as celas, quer pelas portas que interligavam as celas que seriam abertas permitindo que o calor chegasse a todas as celas. Havia sempre um frade responsável pela manutenção da fogueira do Calafetorium, tal como existiria um responsável pelo forno do pão. 



12. Claustro dos Corvos




13. Claustro das Necessidades



Depois de visitarem o Castelo e Convento de Cristo, sugerimos que façam um passeio pela Mata dos Sete Montes e encontrem a Charolinha. Claro que não podem deixar de explorar a magnifica cidade e o Bastião Templário, a Igreja de Santa Maria dos Olivais.

Mata dos Sete Montes

O Infante D. Henrique foi um dos governadores da Ordem de Cristo

A Charolinha





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