Conjunto Arqueológico Madinat al-Zahara
Uma visita guiada pela Cidade Resplandecente!
Em 721 Córdoba foi transformada no centro administrativo do Al-Andalus. A cidade esteve durante séculos na mira de vários povos, não só pela sua localização junto do rio Guadalquivir mas pelos seu campos férteis e florestas nas imediações, e a existência de minas de cobre e ferro capazes de abastecer as necessidades logísticas do governo. Córdoba atingiu o seu auge como capital Sharq al-Andaluz e em 936 o poderoso califa decide fundar a sua própria cidade!
Como chegar a Medina Azahara
A partir de Córdoba chegar a Medina Azahara é muito fácil. Basta seguirem a estrada que liga Córdoba a Sevilha, passando em Almodóvar del Río. Existem transportes públicos e agências turísticas que fazem esta ligação e visita ao conjunto arqueológico.
Ao chegarem à medina, devem estacionar o carro junto ao museu. Quer o museu quer as ruínas são de visita gratuita para cidadãos da Europa, contudo têm que comprar um bilhete do autocarro que faz a ligação entre o museu e as ruínas. Falamos de um valor bastante acessível de 2€, ida e volta. A visita começa pelo museu para que possam compreender melhor a historia e o enquadramento da cidade antiga. Depois apanham o autocarro, que passa de meia em meia hora, que vos levará às ruínas da cidade antiga.
Medina Azahara
O ultimo califa da dinastia Omíada, Abderramão III, fundou uma cidade, perto do Emirado de Córdoba, cujo objectivo seria mostrar esplendor e puder aos seus inimigos e rivais. E foi no século X que surgiu, Madinat al- Zahra, localizada a 6 km de Córdoba, a norte do rio Guadalquivir e a sul da Sierra Morena. Falamos de uma localização exacta, numa encosta privilegiada, inacessível à passagem e sendo num caminho exclusivo de visita à medina. A construção da cidade foi iniciada em 936 e terminada 10 anos depois, contudo a cidade só sobreviveu 80 anos.
Até à primeira década do Século X, o palácio do califa era em Córdoba, no actual Alcazar de los Reys Católicos, contudo a meados desse século Abderramão III decide criar uma cidade-palácio, cujo o nome significa "cidade resplandecente". O califa transferiu para aqui a corte e todos os assuntos administrativos do governo. Segundo os testemunhos de viajantes que na época tiveram oportunidade de conhecer Medina Azahara descrevem-nas como uma cidade brilhante, brilharia devido à presença do mármore, do vidro e dos mosaicos que sustentavam e decoravam os edifícios da cidade. Abderramão contratou os melhores artistas bizantinos para a construção da medina.
Medina Azahara era muito mais do que um palácio luxuoso, todo o conjunto acolhia mesquitas, jardins, residências de funcionários e dignitários do governo, alojamentos para soldados, termas e lojas para comerciantes.
Este roteiro foi baseado na nossa experiência, sendo que aquando a nossa visita o Salão de Abderramão III estava encerrado ao público, devido a obra de conservação e restauro. Por esta razão as imagens apresentadas dessa parte do conjunto foram retiradas dos painéis informativos da entrada no Centro de Interpretação. Na altura a informação que nos deram que a abertura ao público estaria prevista para dali a 3 ou 4 meses. Este era o salão onde o califa recebia os embaixadores de outros reinos ou onde aconteciam audiências muito importantes com o califa.
Salão Abderramão III |
Salão de Abderramão III |
Centro de Interpretação |
A partir do ponto mais alto da colina, podemos observar a imensidão do que teria sido esta cidade. Sabemos que 11% da cidade está escavada, contudo apenas 5% é visitável, agora fazendo um exercício de prospecção imaginem a grandiosidade de que seria esta cidade no século X. A cidade está distinguida entre a cidade alta, onde se encontravam os sectores administrativos, os salões de recepção e residência privada do califa, chamada "dar al-mulk" que significa "casa do puder". Era a partir daqui que o califa afirmava a sua presença e poder sobre o território, assumindo uma referencia espiritual como líder, como representante na Terra e guia da comunidade muçulmana do califado.
Medina Azahara era a sede do califado e por isso estaria protegida por uma potente muralha com torres e quatro portas as quais permitiam o acesso de caminhos que viriam directamente de Córdoba.
Edifício Basilical Superior
Seria um edifício de divisões e pátios de uso administrativo.
Grande Pórtico
Esta seria a entrada principal e monumental de Medina Azahara. Esta porta dava acesso a uma praça, a praça de armas, onde o califa supervisionava o seu exercito e onde os militares recebiam ordens para as expedições de lutas com reis cristãos ou para o norte de África. Era também a porta que recebia embaixadores de outros reinos, nomeadamente de reinos cristãos, do norte de África, do império bizantino e do Império Germânico. Todas estas visitas eram acompanhadas de um aparato de rituais que serviriam para impressionar os estrangeiros e forma a mostrar o poder califal do Al-Andaluz.
Mesquita Aljama
Esta mesquita faria parte de um conjunto de três mesquitas que existiam na cidade, sendo a sua arquitectura muito semelhante à da mesquita de Córdoba. Teria um enorme minarete (Almádenas) onde o almuadem anunciava o momento para as orações. A mesquita assumia um importante papel para os muçulmanos que aqui viviam. A sua existência garantia a cinco orações diárias que regem o dogma muçulmano e relembrava a liderança religiosa exercida pelo califa. Seria igualmente um lugar de reunião de ulemá e faqihs, que são sábios das leis islâmicas e juristas do Islão respectivamente.
Casas de Serviços
Casa Ya' Far
Esta seria a casa do assistente do califa, o equivalente a primeiro ministro, o hayib do estado califal, que assumiu funções entre os anos 961 e 972, Ya´far ibn Abd al-Rahman. Esta vivenda era a mais sumptuosa da cidade-palácio. O pórtico principal daria acesso à sala de audiências com o hayib, que seria uma divisão separada da sua residência. Ele vivia sozinho e apenas os seus empregados teriam acesso aos seus aposentos.
Casa de La Alberca
Traduzido seria a casa da Piscina. Seria uma belíssima vivenda que teria uma piscina entre dois conjuntos arcados (pórticos).
Visitar Medina Azahara como viajar no tempo, é uma belíssima herança árabe da Andaluzia. Conta-nos a história de um povo, que apesar de dominador, trouxe alguns benefícios à Península Ibérica, elevou este pequeno pedaço de Europa a séculos de gloria e riqueza, praticamente colocou as antigas Províncias Bética e Lusitânia "bocas do mundo" atraindo vários viajantes a Córdoba. Uma visita a Córdoba, na nossa modesta opinião, só fica completa se visitarem a Medina Azahara.
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