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Ilha Terceira - Roteiro para 3 dias

A Ilha Verde


A ilha Terceira, tal como o nome indica, foi a terceira, das nove ilhas do arquipélago dos Açores, a ser descoberta pelos navegadores portugueses. Para nós, foi a segunda ilha do arquipélago a ser descoberta! Já visitámos S. Miguel e desta vez, pegámos nas mochilas e fomos até Angra do Heroísmo.


Quando ir?
Os Açores têm um clima instável, por esse motivo não existe uma época ideal para visitar. Num dia é possível apanhar as quatro estações do ano. Por isso, o melhor é ir e aproveitar ao máximo a ilha e tentar adaptar a visita às condições meteorológicas.
Nós viajámos para a Terceira em Fevereiro e apanhámos um dia de sol lindíssimo e nos outros dias já não tivemos essa sorte... Mas visitámos o que foi possível. 

Como chegar e se deslocar na ilha?
O aeroporto na ilha Terceira é o Aeroporto das Lajes e de avião será a forma mais prática de chegar à ilha. Para visitar a ilha sugerimos o aluguer de carro. Nós alugámos um carrinha 4x4 para podermos percorrer as zonas mais selvagens da ilha e porque gostamos de aventura, claro.
  
Onde ficar?
A deslocação na ilha é acessível e facilmente chegamos aos locais. Ficar em Angra do Heroísmo parece-me uma excelente opção pela centralização dos serviços e até mesmo pela própria cidade. Nós optámos por ficar nos arredores, num local mais reservado e com uma vista de excelência. Ficamos numa casa em Feteira, a Casinha Muda da Feteira.

Por onde começar?
Nesta viagem quisemos explorar a ilha na sua essência. Procurámos lugares mais naturais e culturais. Tivemos que nos adaptar às condições meteorológicas e dar lugar ao imprevisível. Tendo em conta que o Algar do Carvão e a Gruta do Natal estão abertos ao público em dias e horas específicos, optámos por começar a nossa visita pela Rocha do Chambre e seguir para a parte nordeste da ilha.

Nós não visitámos a ilha necessariamente pela ordem indicada, mas esta será a ordem pela qual recomendamos que façam a visita.


Dia 1 

Começámos a nossa visita pelo interior da ilha. Saímos da Feterira em direcção a Angra e seguimos para Biscoitos.

1. Rocha do Chambre
O objectivo era fazer o trilho da Rocha do Chambre. Este geossítio não é possível ser visitado sem ser caminhando, por isso começámos de manhã cedo o PR 06 - Rocha do Chambre.






2. Biscoitos
Biscoitos remete-nos imediatamente para a doçaria, contudo nos Açores alguns biscoitos são basalto preto, com origem em lava seca dos vulcões. A presença de "biscoitos" é o que deu nome a esta zona da ilha e o torna num local tão característico. 




A costa norte da ilha é praticamente toda muito rochosa e por este motivo os habitantes tiveram que dominar o terreno consoante as suas pretensões. Aqui foram construídas umas piscinas naturais que convidam a uns belos banhos na época de Verão.











Sabias que?
Nos Biscoitos produz-se o famoso Vinho Verdelho dos Açores. Este tipo de vinha é cultivada de forma diferente da tradicional vinha no continente. As videiras desta casta de vinho são plantadas em covas nas curraletas. As curraletas, são muros construídos com a pedra vulcânica (basalto). O basalto ao absorver o calor vai funcionar como uma espécie de estufa que acaba por preservar e proteger a cultura. É também uma forma prática de retirar a pedra da terra e de certa forma "arrumá-la". A qualidade do solo vão proporcionar ao vinho características singulares. 

3. Quatro Ribeiras





4. Miradouro Serra do Cume

O Miradouro da Serra do Cume é um lugar muito especial. É dos locais mais altos da ilha e com uma perspectiva da "manta de retalhos" fabulosa, com mar dos dois lados.




A extensão das verdes pastagens dividias por muros de pedra vulcânica negra desenham no terreno uma cobertura simétrica e que nos faz lembrar as antigas mantas de retalhos feitas a partir de pequenos panos cozidos uns aos outros.









Um pouco de vulcanologia... 
A Serra do Cume e a Serra da Ribeirinha constituem os bordos da caldeira de colapso do vulcão dos Cinco Picos, o mais antigo da ilha. Daqui conseguimos ter uma perspectiva sob a caldeira desse vulcão, que é a maior do arquipélago. 




Os "picos" ou o que resta dos cones vulcânicos, são perfeitamente visíveis, como que plantados no meio da manta de retalhos.


5. Miradouro Serra da Ribeirinha



6. São Sebastião
São Sebastião é uma pequenina vila, tipicamente terceirence e provavelmente das mais antigas da ilha. A sua igreja data de 1455 e tem uma arquitectura um pouco diferente das restantes igreja da Ilha Terceira. 



Atrevemo-nos a dizer que o Império de São Sebastião foi o mais bonito que encontrei na ilha da Terceira.






7. Miradouro e Farol da Ponta das Contendas

A Ponta das Contendas é provavelmente o mais belo pedaço da costa da ilha Terceira que ladeia a Baía da Mina. Este local está classificado como Zona de Protecção Especial por albergar uma das colónias de Garajaus (ave) mais importante do arquipélago. 
Com o efeito da erosão marítima, a península que existia  deu origem a três ilhéus, o Ilhéu do Ferro, o Ilhéu dos Garajaus e o Ilhéu da Mina.




8. Porto Judeu - Ilhéu das Cabras

O ilhéu das Cabras é um monumento natural emblemático da ilha. Dos vários pontos da costa Sul, este ilhéu serve sempre e cenário de fundo de qualquer fotografia. 




Sabias que...
O  nome do ilhéu surge por terem si encontradas, de facto, cabras e ovelhas a pastarem, mas sem grande proveito, nas suas encostas?

Alguns historiadores relatam que durante a II Guerra Mundial, um submarino alemão se refugiou entre as duas ilhotas do ilhéu, face aos ataques dos americanos. Isto porque existe uma grande profundidade de mar entre ambos e desta forma tornou-se o esconderijo perfeito. 




Existe uma estrada secundária, da Feteira que nos conduz ás piscinas naturais da Fajã do Fisher onde o ilhéu marca a sua imponência e onde podemos dar uns bons mergulhos nos dias de Verão!

Dia 2


No segundo dia decidimos explorar o interior da ilha, partindo á descoberta de geossítios e de monumentos naturais. O dia estava bastante enublado e por isso não foi possível fazer percursos pedestres. Por este motivo, tivemos que percorrer outra estrada na tentativa de ver um pouco da Caldeira de Guilherme Moniz. 

1. Caldeira de Guilherme Moniz
Caso não seja possível percorrer a pé ou não haja tempo para fazer o percurso, sugiro que a visita a Guilherme Moniz seja feita aquando da ida para o Algar do Carvão. Saindo de Angra, ao tomar a direcção de Furna d 'água, um pouco antes de virar para as Furnas de Enxofre, do lado direito existe um miradouro onde é possível ter uma perspectiva do que já foi um vulcão.


2. Furnas de Enxofre - Circuito de Visitação
O Circuito de Visitação das Furnas de Enxofre estão localizadas muito próximo do Algar do Carvão, e são de acesso livre a gratuito.





As Furnas de Enxofre são manifestações de vulcanismo secundário, instaladas em diversos cruzamentos de falhas geológicas, em que ocorre a saída de gases vulcânicos agressivos a temperaturas bastante elevadas, podem variar entre os 90º e os 130º graus.








Como o algar do carvão só abre à tarde, decidimos avançar para a Serra de Santa Bárbara.


3. Lagoa das Patas
A Lagoa das Patas (ou Falca) é um pequeno espelho de água no meio de uma fantástica floresta, que num todo formam uma reserva de recreio. Aqui é um local bastante convidativo a um pic-nic e um passeio pela natureza.













4. Miradouro da Serra de Santa Bárbara

A Serra de Santa Bárbara é o ponto mais elevado da ilha, atingindo uma altitude de 1021 metros. O caminho florestal é único para chegar ao topo. Nós tivemos pouca sorte porque estava muito nevoeiro e não conseguimos apreciar devidamente a paisagem. Contudo ficamos com a ilusão de que será uma vista impressionante!


5. Farol da Serreta, Ponta da Serreta e Ponta do Queimado 






A partir do miradouro do farol consegue-se uma excelente vista sob a Ponta do Queimado.


O Farol da Serreta foi inaugurado no inicio do século XX, de construção normal. Contudo, o violento sismo de 1980 essa estrutura foi bastante afectada, pelo que foi substituído por esta torre metálica.




6. Reserva Florestal de Recreio da Serreta

Este pequeno oásis é um parque de merendas, ou merendário para o terceirenses, e uma zona de convívio e lazer. Tem uma magnifico jardim e o que nos chamou mais a atenção foi o fontanário da entrada. Não é o único deste género na ilha.








7. Ponta do Raminho





No meio deste arvoredo é possível fazer campismo quase selvagem, porque as casas de banho são muito básicas apenas existe o local para colocar a tenda.


O miradouro Vigia da Baleia, muito utilizado no passado quando ainda se fazia a caça à baleia.




Quando seguíamos na estrada de Altares para a zona da Gruta do Natal e Algar do Carvão, conseguimos ver a Serra de Santa Bárbara, noutra perspectiva, bem como o Pico Rachado. O Pico Rachado faz parte do conjunto de vulcões que originaram a ilha.




Durante o mesmo percurso fomos surpreendidos pela Alameda dos Plátanos!


O Algar do Carvão e a Gruta do Natal, durante o Inverno, só estão abertos às Terças, Quarta, Sextas e Sábados das 14h30 ás 17h15. A ordem de visita é facultativa, sendo que é possível comprar o bilhete combinado para ambos. Nós decidimos começar pela Algar do Carvão, onde comprámos o bilhete combinado, e demoramos sensivelmente 2 horas para visitar ambas. 


8. Algar do Carvão

O Algar do Carvão é o que resta de uma chaminé vulcânica e não está totalmente obstruída. Basicamente, visitar o Algar é como descer para o interior da Terra, numa viagem geológica, como se fossemos assistir à formação da ilha.



Uma das câmaras do Algar é apelidada de "Catedral" pela sua forma moldada pela atividade vulcânica.



9. Gruta do Natal e Lagoa do Negro

A Gruta do Natal é um antigo canal de lava formado aquando a erupção do vulcão que deu origem ao Pico do Gaspar.







A Lagoa do Negro faz parte da Reserva Florestal da Serra de Santa Bárbara e os Mistérios Negros, e como tal existe um percurso pedestre que permite "entrar" nos Mistérios Negros. O PR 01 é iniciado junto à lagoa e um dos locais emblemático é a subida ao Pico do Gaspar. Contudo, é possível fazer esta subida ou até mesmo apenas ver o Pico do Gaspar seguindo a estrada alcatroada de continuação. Com muita pena minha não fizemos esse percurso!


PR01- Mistérios Negros

10. Estrada de serra do Algar do Carvão a Agualva

Esta estrada é um percurso alternativo que recomendo, porque a experiência vale bastante a pena. Aqui entra-se no coração da ilha até chegar novamente à civilização. Foi talvez dos locais mais intocáveis por onde passámos.





Caso tenha chovido muito ou não hajam condições meteorológicas favoráveis, esta estrada só deve ser feita por veículos todo o terreno.

11. Miradouro da Alagoa da Fajãnzinha

Parámos neste miradouro apenas ocasionalmente no regresso a casa. Este miradouro é dos mais conhecidos e turísticos da ilha.


Dia 3 

No terceiro dia decidimos visitar a cidade principal da ilha, a capital. provavelmente deixamos o melhor para o fim!

1. Angra do Heroísmo

Angra do Heroísmo é a maior cidade da ilha e por sua vez a capital da mesma. O Centro histórico foi considerado património mundial desde 1983.



Uma cidade às cores...
A maioria das construções na ilha, em particular na cidade de Angra, são normalmente brancas e acompanhada de uma cor bastante alegre e viva. Nas ruas parece que é sempre Primavera porque a cor misturada com a abundante vegetação faz o enquadramento perfeito do que é a beleza da cidade.  



2. Monte Brasil
O Monte Brasil é o que resta de um vulcão extinto de enormes dimensões, rodeado pelas muralhas da Fortaleza de São João Baptista. 



Entre vários miradouros, o Miradouro Pico das Cruzinhas é o mais elevado e com vista sobre a cidade de Angra do Heroísmo.





A visita ao Monte Brasil pode ser feita de carro ou a pé. Ambas permitem conhecer a beleza deste tesouro. Caso optes por fazer a pé, sugiro que sigas o PR4-Monte Brasil. Actualmente a fortaleza, e toda a área do Monte Brasil, pertence ao exercito português e tem um horário de circulação.


3. São Mateus da Calheta
São Mateus da Calheta é uma vila vizinha de Angra e que se consegue avistar a partir do Monte Brasil. 


4. Praia da Vitória

A Praia da Vitória é das poucas zonas de praia em toda a ilha. É a segunda maior cidade da Terceira e tem um centro histórico bastante rico.


Só por curiosidade...

Chama-se Praia da Vitória porque foi o local onde aconteceu a batalha de 11 de Agosto de 1829, entre os liberais, chefiados na época pelo Duque da Terceira, contra as tropas de D. Miguel I. Os liberais, que apoiavam o Rei de Portugal ganharam, daí o nome da praia onde se deu a vitória!



Pelas ruas vamos descobrindo "poemas soltos"!



A Igreja de Santa Cruz é das mias antigas construções religiosas da ilha e considerada uma das mais belas.




As ruas de Praia da Vitória são igualmente bastante coloridas!



Ao subir até ao Miradouro do Facho é quase obrigatório, porque de lá teremos a Praia da Vitória aos nossos pés. naquele local foi construído um monumento, o Imaculado Coração de Maria, como se Maria abençoa-se a cidade.




Dica de Viagem: Caso não haja tempo de visitar Praia da Vitória no mesmo dia que Angra, sugiro que seja visitada antes de ir para o aeroporto, uma vez que fica muito próximo das Lajes. Foi na realidade o que fizemos. Passámos também pelo Miradouro Humberto Delgado com vista para o aeroporto das Lajes.


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