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Lamego - Portugal

Uma cidade com História!

Roteiro para um dia!

A cidade Lamego localizada na margem sul do rio Douro é um dos mais importantes centros urbanos da região vinícola do Douro.  É uma cidade muito antiga, ocupada por povos primitivos que deram origem aos Lusitanos. Posteriormente, chegaram os Romanos, depois os Visigodos e por fim os Mouros, aos quais os cristãos reconquistaram território. 


Lamego foi definitivamente conquistada aos Mouros, em 1057 por D. Fernando Magno de Leão, e foi palco da aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal e onde se estabeleceram as "regras de sucessão ao trono", na presença das importante e lendárias cortes de Lamego.


Os romanos chamaram-lhe Lamaecus no século III, quando se começou a desenvolver um fundo agrário hispano-romano junto ao burgo em redor do castelo.



Sabiam que?
A diocese de Lamego é das mais antigas de Portugal e a única que não tem sede na capital de distrito. Lamego tornou-se cristã quando o rei visigodo Recardo I se converte ao cristianismo. Sabe-se que em 570, no concilio de Lugo, aparece referenciado Sardinário como Bispo de Lamego.



Durante o domínio visigótico, o rei Sisebuto, que reinou entre 612 e 621, cunha aqui moeda, o que revela a importância comercial da cidade. 


Lamego chegou a pertencer ao aio de D. Afonso Henriques, D. Egas Moniz o qual foi senhor de terras de Ribadouro entre o rio Paiva e o rio Távora, chegando a terras do rio Côa. 


Em 1290 o rei D. Dinis deu "carta de feira à cidade" devolvendo a grandiosidade comercial de Lamego, chamando à região comerciantes de toda a Península Ibérica, nomeadamente do sul (Granada) que aqui vinham vender e comprar produtos. A cidade de Lamego estava integrada numa principal via de comunicação na época. No entanto, a dada altura na historia, Lamego perde vantagens comerciais devido a dois importantes acontecimentos históricos, um deles é a reconquista cristã de Granada que expulsa os mouros da Andaluzia e terminam as trocas comerciais por terra, e o outro fator está relacionado com a descoberta do caminho marítimo para India, que altera por completo as rotas comerciais da época, e por consequência enfraqueceu o comércio de Lamego.


A partir dos século XVII e XVIII começam a ser construídos os solares, e Lamego recupera o desenvolvimento comercial, tudo em consequência do incremento do comércio do vinho do Douro, com a criação da Região Demarcada do Douro e Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro.


Só por curiosidade!
Em 1919, durante uma tentativa de recuperar a monarquia em Portugal, Lamego conseguiu ser capital de distrito durante vinte e quatro dias, perdendo, ao fim desse tempo, o titulo para a cidade de Viseu.

Lamego é uma cidade repleta de história, onde se respira cultura e onde foram edificados alguns dos maiores e mais belos exemplares da arquitetura de diferentes épocas. No centro existem vários núcleos museológicos, incluindo o castelo, que são de visita livre, o que achamos extraordinário e acaba por tornar Lamego um destino económico.


Dica de viagem: Aconselhamos que estacionem o vosso carro junto ao mercado municipal e Pavilhão Multiusos e percorram o centro a pé. Para chegar ao Santuário Nossa Senhora dos Remédios podem fazê-lo de carro ou a pé.   

O que visitar em Lamego!

No Bairro do Castelo
O Bairro do Castelo, construído no local mais elevado da cidade, foi o local escolhido para o assentamento da primitiva cidade fortificada do período medieval. Essa cidade estaria delimitada por uma muralha urbana, cujo acesso ao exterior seria apenas feito pelas duas portas principais, a Porta dos Figos e a Porta do Sol.
 



As tranquilas ruas e ruelas medievais, outrora eram cheias de vida e movimento. Era neste burgo que a vida cívica e económica acontecia freneticamente. 



Capela de Nossa Senhora do Socorro


1. Porta do Sol
A Porta do sol foi construída no seculo XIII, em estilo gótico, sobranceira ao antigo couto da sé catedral e está localizada a sul do recinto amuralhado. Junto a esta porta, do lado direito está a Casa da Roda que no passado pertenceu aos monges da ordem de Cister, filiados no Mosteiro de Salzedas, onde eram recebidas as crianças rejeitadas anonimamente pelas suas mães.



Casa da Roda

2. Castelo
A fortificação do século X terá sido erguida sob um antigo castro lusitano. O castelo é constituído pela Torre de Menagem, pela alcáçova (praça de armas) e pelo reduto amuralhado (a cerca urbana), na qual se rasgam as duas principais portas da cidade.




O castelo e toda a região do vale do Douro viveram tempos de disputa de território entre cristãos e muçulmanos, até que D. Fernando Magno de Leão, o reconquista definitivamente aos Mouros em 1057. Ao longo dos séculos XII, XIII e XIV são feitas alterações significativas no castelo.


3. Cisterna
A cisterna está localizada no interior da antiga cerca urbana, fora da alcáçova, tendo sido construída no período medieval (século XIII-XIV). Foi considerada "um dos melhores exemplares das cisternas dos castelos portugueses" e com os seus vinte metros de comprimento e dez de largura, consegue impressionar qualquer visitante. Uma particularidade interessante desta estrutura passa pela filtragem da água através da  sua passagem pelo pavimento do terraço que a cobre, funcionando como filtro. As águas pluviais ficariam armazenadas no tanque e a população retirava água através das aberturas no terraço utilizando um sistema de tiragem semelhante ao da picota.







Dica de Viagem: A visita à cisterna é gratuita.

4. Porta dos Figos
A Porta dos Figos, ou Porta da Vila, está localizada a norte e numa zona mais acessível na época. Foi construída no século XII ou XIII, em estilo românico,  e por isso talvez tenha sido a primeira porta a ser construída. 



5. Centro Interpretativo de Lamego - Porta dos Figos
O núcleo arqueológico da Porta dos Figos é, na nossa opinião, um espaço de visita muito importante, quase obrigatório. Trata-se de um espaço onde é possível contar a historia de Lamego recuando dois mil anos no tempo, com todas as transformações que a cidade sofreu ao longo dos séculos.
 





Dica de Viagem: A visita ao núcleo arqueológico é gratuita.

A cidade foi crescendo e em redor do burgo foram surgindo várias igrejas, bairros e parques.

6. Igreja de Santa Maria de Almacave
A igreja de Santa Maria de Almacave foi construída no século XII, e por isso é uma construção românica, tendo sido profundamente alterada no século XVII. A igreja foi construída sob uma antiga vila romana.  Reza a lenda que foi nesta igreja que se realizaram as primeiras cortes do Reino de Portugal, em 1143.




Descendo a colina do burgo onde hoje chamamos de centro histórico, chegamos à parte mais cosmopolita e onde a vida urbana acontece, o centro histórico da cidade de Lamego.

7. Sé de Lamego
Erguida no coração da cidade, a Sé de Lamego é dos templos mais antigos do país. Começou a ser construída em meados do século XII, por ordem de D. Afonso Henriques, sofrendo ao longo dos tempos alterações bastante significativas, refletindo por isso as várias tendências arquitetónicas.


Começou a ser construída em 1159 e terminada em 1191, Originalmente teria uma estrutura românica, contudo deve a sua estrutura atual aos estilos manuelino e barroco. Em 1175 o culto foi evocado a São Sebastião e a Santa Maria.






As pinturas dos tetos interiores são da autoria do italiano Nicolau Nasoni (século XVIII).



8. Museu de Lamego
O Museu de Lamego é uma importante referencia nacional dada a autenticidade, originalidade, raridade e singularidade de algumas obras de arte nele expostas. Encontra-se localizado junto à Sé de Lamego, instalado no antigo Paço Episcopal, uma das dependências da Sé. O edifico terá sido mandado construir por D. Manuel de Vasconcelos Pereira entre 1773 e 1786. 


O grande destaque do museu são a coleção de tapeçarias do século XVI, encomendadas pelo Bispo de Lamego, que representam a vida do Rei Édipo. 

Dica de Viagem: A visita ao Museu é paga. É neste museu que devem efetuar as reservas para visitar outros monumentos da região, nomeadamente a Capela de São Pedro de Balsemão. Caso disponham de algum tempo pela zona, sugerimos que comprem aqui os bilhetes combinados, porque permite alguma poupança.

9. Teatro Ribeiro Conceição
O exterior do teatro é bastante simples e facilmente confundido com outro edifício da cidade, contudo no seu interior esconde-se uma das salas de espetáculo mais bonitas do país.


Dica de Viagem: Para visitar o interior da sala é preciso solicitar na bilheteira do teatro. A visita tem um valor simbólico de 2,50€ e está condicionada à ocupação de espetáculos na sala.


10. Capela do Espirito Santo

Uma capela muito bonita e solitária implantada no Largo dos Combatentes.



Fora do centro destacamos o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios e a capela de São Pedro de Balsemão.  

11. Santuário de Nossa Senhora dos Remédios
Um pouco mais afastado do centro, ergue-se sobre a cidade o famoso Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.


O santuário foi edificado no cimo do Monte de Santo Estevão, representando um dos santuários barrocos de peregrinação mais importante de Portugal, sendo comparado ao Santuário do Bom Jesus de Braga.  Foi mandado construir pelo então Bispo de Lamego, D. Manuel de Noronha, em devoção à imagem Nossa Senhora dos Remédios,  trazida de Roma por ele. 


O santuário destaca-se pelo esplendor e envergadura da escadaria que permite chegar ao cimo do monte a partir do centro da cidade. Esta escadaria começou a ser construída em 1777 sendo apenas terminada já no século XX. O autor da obra é ainda um motivo de discussão entre historiadores, uns dizem que foi Nicolau Nasoni outros dizem que foi António Pereira, o mestre de obras que trabalhou com Nasoni.



O Pátio dos Reis é sem sombra de duvida o reduto mais fascinante da escadaria. No centro ergue-se um obelisco com  15 metros de altura, de autoria de Nasoni, designada por Fonte dos Gigantes. Em redor estão representados os últimos dezoito reis da Casa de David, dinastia de reis judeus dos quais Jesus seria descendente.





Capela dedicada à Sagrada Família


Fonte da Sereia

Sugerimos que explorem um pouco do parque de Nossa Senhora dos Remédios.






12. Capela de São Pedro de Balsemão
A capela de São Pedro de Balsemão está perfeitamente encaixada num socalco numa das margens do rio Balsemão, afluente do rio Varosa.

Este será o templo cristão mais antigo de Lamego e o segundo mais antigo da Península Ibérica que chegou à nossa época. É um templo de origem suevo-visigótica, remonta o seculo VII, ao tempo do rei visigodo Sisebuto. O seu interior guarda singulares testemunhos do século X, nomeadamente técnicas construtivas da arquitetura moçárabe. Contudo, a presença romana está bem presente, uma vez que foram utilizadas na sua construção pedras com inscrições e até mesmo aras funerárias, conforme se pode observar nas paredes da igreja. Hoje a capela encontra-se inserida num solar seiscentista.




Dica de Viagem: As visitas a Capela de São Pedro de Balsemão têm que se agendadas junto do Museu de Lamego, havendo necessidade de marcar com um ou dois dias de antecedência.

13. Centro Interpretativo da Máscara Ibérica - CIMI - Vila de Lazarim
A pacata aldeia de Lazarim dista pouco mais de 13 km de Lamego. O CIMI é um espaço dedicado à Máscara, cujo principal objetivo é a valorização e divulgação da máscara ibérica como património cultural, com importância e simbolismo bastante significativos.  O museu está construído num antigo Solar dos Viscondes de Lazarim, onde estão expostos trajes, máscaras e objetos das mascaradas invernais e entrudos de Portugal e Espanha, incluindo utensílios utilizados no seu fabrico. 




Sabiam que?
Os artesãos de Lazarim demoram um ano inteiro a preparar a sua máscara e traje, em segredo, e apenas no dia de carnaval  é desvendado o mistério. Os objetivos são realmente o fator surpresa, o disfarce perfeito e claro ser a máscara melhor classificada.



Dica de Viagem: A visita ao CIMI é gratuita, sendo horário de Terça a Domingo das 10h às 17h. 


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