Aldeias de Xisto do Centro de Portugal
A aldeia da Paz
As aldeias classificadas de Xisto estão maioritariamente localizadas na zona Centro de Portugal, distribuídas pelas Serras da Lousã, Góis, Açor, Gardunha, Alvelos e Muradal. Ao todo constituem um conjunto de 27 aldeias classificadas, em que o material predominante utilizado na construção das habitações é o xisto.
Este roteiro foi elaborado mediante a nossa experiência pessoal, tendo em conta que crescemos no sopé da Serra do Açor e que estas paisagens são as da nossa infância.
A Benfeita pode não ser perfeita mas é muita antiga a sua importância, uma vez que existem registos da Villa Bienfecta num documento de 1196, ano em que Suário Pedro a terá vendido ao cónego Pedro Salvador, capelão da Sé de Coimbra. Desde então a pequena vila serrana andou de mão em mão de alguns membros do clero. Em 1260, a vila de Coja a escassos quilómetros de distância e à qual a Benfeita estaria anexada, recebe carta de foral. Contudo, só em 1300 existe uma carta foral que outorga as normas que regiam os habitantes da Benfeita.
A estrada que liga Benfeita a Coja terá sido construída em 1931 encurtando tempo de viagem por caminho pedestre de 2 horas para 15 minutos. A eletricidade chegou a Benfeita em 1953.
Como chegar?
A aldeia dista a 8 km de Coja, a 4 km da Mata da Margaraça, a cerca de 24 km da Aldeia Histórica do Piódão. Como Coja é a vila maior e com melhores acessos que se encontra mais perto da Benfeita, consideramos Coja o ponto de partida ideal. A aldeia deve ser visitada a pé e por esse motivo devem deixar o vosso carro no estacionamento junto à praia fluvial.
1. Praia Fluvial
A praia fluvial de Benfeita é abastecida pela ribeira da Mata, formada com as aguas que escorrem das encostas da Mata da Margaraça. Essa ribeira encontra-se em Benfeita com outra, a ribeira do Carcavão e juntas irão afluir ao rio Alva em Coja. Este local é perfeito para uns belos mergulhos no Verão.
Sugerimos que subam até à Fonte das Moscas, junto à praia fluvial e desfrutem da vista panorâmica da aldeia. Neste lugar estão registados os sentimentos mais puros de poetas que se deixaram apaixonar pela bela Benfeita.
A aldeia de Benfeita reserva tesouros poderosos e percorrer as suas ruas é um verdadeiro desafio. Percam-se nas ruas e recebam o que esta aldeia tem para vos dar. Aqui foi o berço de episódios únicos e com significado intemporal.
1. Capela de Nossa Senhora da Assunção
Caminhando pelas ruas uma das surpresas é encontrar este templo com características bastante particulares. Este terá sido o primeiro templo da aldeia e muito provavelmente foi edificado na primeira dinastia portuguesa. Terá funcionado como igreja paroquial e está evocado à padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Assunção. Aqui estão envolvidos três estilo diferentes, o manuelino, renascentista e barroco, o que comprova que houve várias intervenções ao longo do tempo. Os portais manuelinos são o grande destaque do edifício.
Subindo um pouco a colina, no Largo da Paz, encontramos um conjunto de três construções, cada uma com o seu aspeto e a sua importância na história da aldeia.
2. Capela de Santa Rita
Este templo do século XVIII evocado a Santa Rita apresenta uma planta octogonal e está implanta num dos locais mais elevados da aldeia, num local muito importante.
3. Torre da Paz
A Torre da Paz é o grande símbolo da aldeia. Esta torre começou por se chamar "Torre Salazar", contudo após o 25 de Abril a sua designação passou a ser "Torre da Paz.
A torre foi construída em 1945, por iniciativa de Mário Mathias, com o objeto, porventura único no mundo, de anunciar e celebrar o fim da Segunda Guerra Mundial. E o desejo do Sr. Mário aconteceu. No dia 7 de Maio de 1945 ás 14h o sino da Torre da Paz tocou 1620 badaladas. Esse número corresponde aos dias que passaram desde a declaração de neutralidade portuguesa no conflito até ao dia de assinatura do armistício.
Assim, o povo da Benfeita soube do fim da guerra primeiro que Lisboa. O desejo do fim da guerra e do ouvir as primeiras badaladas do sino da torre inundaram o coração dos habitantes de Benfeita por ter chegado o dia que junto os dois desejos.
E Porquê?
Por sorte, um funcionário de uma empresa inglesa casado com uma habitante de Benfeita, soube da assinatura do armistício e logo telefonou para a aldeia a dar a boa nova. Por aquelas bandas ficaram a saber que a paz chegara e o sino tinha cumprido o seu prepósito.
Ainda hoje se celebra a paz em Benfeita!
Desde então, todos os anos no dia 7 de Maio o sino toca a 1620 badaladas a celebrar a paz e a homenagear os que morreram nas guerras.
4. Capela do Senhor dos Passos
5. Igreja Matriz
A Igreja Matriz foi construída no final do século XVIII, evocada a Santa Cecília. Apresenta uma arquitetura de estilo provincial com torre sineira quadrada ligada à direita da fronteira, terminando em forma bolbosa. É um tipo de construção muito comum nas aldeias e vilas beirãs.
6. Moinho do Figueiral
Este moinho está localizado junto à ribeira da Mata, está reconstruído e representa uma das construções etnográficas da aldeia.
A Terra das Colheres de Pau
A Benfeita é considerada a terra das colheres de pau, por existirem vários artesãos a fabricar este utensilio. Aqui encontram colheres de todos os tamanhos e feitios. Na verdade o artesão que as faz vive e trabalha na aldeia de Pardieiros, logo a seguir a Benfeita e onde sugerimos que almocem por exemplo.
As Colheres de Pau da Benfeita - Foto retirada da Internet |
Mais que ver e fazer!
Na Benfeita há muitos mais para fazer, desde mergulhos na ribeira até caminhadas pelas encostas da serra do Açor.
7. PR 1 AGN - Caminho de Xisto da Benfeita.
O PR1 é um percurso circular, com 10 km que começa e termina na aldeia de Benfeita. O percurso permite o contacto direto com a Natureza, passando por lugares muito especiais, como a Fraga da Pena e outras aldeias vizinhas. Atenção que o percurso passa por cima da Fraga da Pena e caso queiram visitar a cascata devem fazer um desvio quando chegarem à Quinta da Misarela e depois podem voltar a subir ou então seguir a estrada de alcatrão até a aldeia de Pardieiros. Nós não abandonámos o trilho porque a Fraga da Pena pode ser visitada de outra forma.
A ter em atenção!
Devem usar roupa e calçado confortáveis para fazer este percurso. Levar água e alimentos é fundamental. Se for Verão levar chapéu e protetor solar, se for Inverno ter cuidado com o piso escorregadio.
8. Fraga da Pena
A Fraga da Pena é uma cascata magnífica que encanta com os seus 19 metros de altura. Atrevemos a dizer que será das cascatas mais bonitas de Portugal Continental. A zona envolvente convida a um passeio tranquilo pela Natureza e pode ser um ótimo sítio para um picnic num dia quente de Verão.
Dica de Viagem: O acesso à cascata é fácil e visível desde a estrada principal. O estacionamento é escasso pelo que devem ter alguma prudência.
9. Mata da Margaraça
A Mata da Margaraça é considerada área protegida por ser um importante reduto da vegetação original do centro de Portugal. Os seus 68 hectares formam um bosque o que torna a Mata da Margaraça uma das florestas caducifólias mais impressionantes do nosso país.
A Mata está referenciada documentalmente desde da segunda metade do século XIII. Sabe-se que desta mata saiu madeira utilizada na construção do retábulo da igreja da Sé Nova em Coimbra e para a construção de uma antiga ponte sobre o rio Mondego, da mesma cidade. No século XVIII a sua madeira também serviu de matéria-prima na construção do Convento de Santo António na Aldeia de Xisto vizinha, Vila Cova de Alva.
Existem vários caminhos que podem e devem percorrer pela floresta. Esses caminhos levam-vos à Casa da Eira, uma casa tipicamente serrana que está convertida em casa Etnográfica, que dá para visitar apenas por agendamento junto do Turismo de Arganil.
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