Avançar para o conteúdo principal

Aldeia de Xisto - Serra do Açor - Benfeita - Portugal

 Aldeias de Xisto do Centro de Portugal

A aldeia da Paz



As aldeias classificadas de Xisto estão maioritariamente localizadas na zona Centro de Portugal, distribuídas pelas Serras da Lousã, Góis, Açor, Gardunha, Alvelos e Muradal. Ao todo constituem um conjunto de 27 aldeias classificadas, em que o material predominante utilizado na construção das habitações é o xisto.


A aldeia de Benfeita, plantada em plena Serra do Açor, está classificada como Aldeia de Xisto desde 2002, integrada nas 27 Aldeias de Xisto da zona centro de Portugal. A Benfeita pertence ao concelho de Arganil, distrito de Coimbra.


Este roteiro foi elaborado mediante a nossa experiência pessoal, tendo em conta que crescemos no sopé da Serra do Açor e que estas paisagens são as da nossa infância. 



A Benfeita pode não ser perfeita mas é muita antiga a sua importância, uma vez que existem registos da Villa Bienfecta num documento de 1196, ano em que Suário Pedro a terá vendido ao cónego Pedro Salvador, capelão da Sé de Coimbra. Desde então a pequena vila serrana andou de mão em mão de alguns membros do clero. Em 1260, a vila de Coja a escassos quilómetros de distância e à qual a Benfeita estaria anexada, recebe carta de foral. Contudo, só em 1300 existe uma carta foral que outorga as normas que regiam os habitantes da Benfeita.

 

A estrada que liga Benfeita a Coja terá sido construída em 1931 encurtando tempo de viagem por caminho pedestre de 2 horas para 15 minutos.  A eletricidade chegou a Benfeita em 1953. 



Como chegar?

A aldeia dista a 8 km de Coja, a 4 km da Mata da Margaraça, a cerca de 24 km da Aldeia Histórica do Piódão. Como Coja é a vila maior e com melhores acessos que se encontra mais perto da Benfeita, consideramos Coja o ponto de partida ideal. A aldeia deve ser visitada a pé e por esse motivo devem deixar o vosso carro no  estacionamento junto à praia fluvial. 

1. Praia Fluvial 

A praia fluvial de Benfeita é abastecida pela ribeira da Mata, formada com as aguas que escorrem das encostas da Mata da Margaraça. Essa ribeira encontra-se em Benfeita com outra, a ribeira do Carcavão e juntas irão afluir ao rio Alva em Coja. Este local é perfeito para uns belos mergulhos no Verão. 


Sugerimos que subam até à Fonte das Moscas, junto à praia fluvial e desfrutem da vista panorâmica da aldeia. Neste lugar estão registados os sentimentos mais puros de poetas que se deixaram apaixonar pela bela Benfeita.

"Benfeita dos olmos verdes
E ribeiros cristalinos
Tem bênçãos de amor e paz
No doce tanger dos sinos!"
Vascos Campos 21/03/1989



A aldeia de Benfeita reserva tesouros poderosos e percorrer as suas ruas é um verdadeiro desafio. Percam-se nas ruas e recebam o que esta aldeia tem para vos dar. Aqui foi o berço de episódios únicos e com significado intemporal. 








1. Capela de Nossa Senhora da Assunção

Caminhando pelas ruas uma das surpresas é encontrar este templo com características bastante particulares. Este terá sido o primeiro templo da aldeia e muito provavelmente foi edificado na primeira dinastia portuguesa. Terá funcionado como igreja paroquial e está evocado à padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Assunção. Aqui estão envolvidos três estilo diferentes, o manuelino, renascentista e barroco, o que comprova que houve várias intervenções ao longo do tempo. Os portais manuelinos são o grande destaque do edifício. 





Subindo um pouco a colina, no Largo da Paz, encontramos um conjunto de três construções, cada uma com o seu aspeto e a sua importância na história da aldeia. 

2. Capela de Santa Rita

Este templo do século XVIII evocado a Santa Rita apresenta uma planta octogonal e está implanta num dos locais mais elevados da aldeia, num local muito importante. 


3. Torre da Paz

A Torre da Paz é o grande símbolo da aldeia. Esta torre começou por se chamar "Torre Salazar", contudo após o 25 de Abril a sua designação passou a ser "Torre da Paz. 



A torre foi construída em 1945, por iniciativa de Mário Mathias, com o objeto, porventura único no mundo, de anunciar e celebrar o fim da Segunda Guerra Mundial. E o desejo do Sr. Mário aconteceu. No dia 7 de Maio de 1945 ás 14h o sino da Torre da Paz tocou 1620 badaladas. Esse número corresponde aos dias que passaram desde a declaração de neutralidade portuguesa no conflito até ao dia de assinatura do armistício. 

Sabiam que?

Assim, o povo da Benfeita soube do fim da guerra primeiro que Lisboa. O desejo do fim da guerra e do ouvir as primeiras badaladas do sino da torre inundaram o coração dos habitantes de Benfeita por ter chegado o dia que junto os dois desejos. 


E Porquê?

Por sorte, um funcionário de uma empresa inglesa casado com uma habitante de Benfeita, soube da assinatura do armistício e logo telefonou para a aldeia a dar a boa nova. Por aquelas bandas ficaram a saber que a paz chegara e o sino tinha cumprido o seu prepósito. 

Ainda hoje se celebra a paz em Benfeita!

Desde então, todos os anos no dia 7 de Maio o sino toca a 1620 badaladas a celebrar a paz e a homenagear os que morreram nas guerras. 

4. Capela do Senhor dos Passos

Um pequeno templo que faz parte do conjunto dos três edifício do Largo da Paz e que foi remodelado no no século XX. 




5. Igreja Matriz

A Igreja Matriz foi construída no final do século XVIII, evocada a Santa Cecília. Apresenta uma arquitetura de estilo provincial com torre sineira quadrada ligada à direita da fronteira, terminando em forma bolbosa. É um tipo de construção muito comum nas aldeias e vilas beirãs. 



6. Moinho do Figueiral

Este moinho está localizado junto à ribeira da Mata, está reconstruído e representa uma das construções etnográficas da aldeia. 


A Terra das Colheres de Pau

A Benfeita é considerada a terra das colheres de pau, por existirem vários artesãos a fabricar este utensilio. Aqui encontram colheres de todos os tamanhos e feitios. Na verdade o artesão que as faz vive e trabalha na aldeia de Pardieiros, logo a seguir a Benfeita e onde sugerimos que almocem por exemplo. 


As Colheres de Pau da Benfeita - Foto retirada da Internet


Mais que ver e fazer!

Na Benfeita há muitos mais para fazer, desde mergulhos na ribeira até caminhadas pelas encostas da serra do Açor.


7. PR 1 AGN - Caminho de Xisto da Benfeita.

O PR1 é um percurso circular, com 10 km que começa e termina na aldeia de Benfeita. O percurso permite o contacto direto com a Natureza, passando por lugares muito especiais, como a Fraga da Pena e outras aldeias vizinhas. Atenção que o percurso passa por cima da Fraga da Pena e caso queiram visitar a cascata devem fazer um desvio quando chegarem à Quinta da Misarela e depois podem voltar a subir ou então seguir a estrada de alcatrão até a aldeia de Pardieiros. Nós não abandonámos o trilho porque a Fraga da Pena pode ser visitada de outra forma.








A ter em atenção!

Devem usar roupa e calçado confortáveis para fazer este percurso. Levar água e alimentos é fundamental. Se for Verão levar chapéu e protetor solar, se for Inverno ter cuidado com o piso escorregadio. 

8. Fraga da Pena

A Fraga da Pena é uma cascata magnífica que encanta com os seus 19 metros de altura. Atrevemos a dizer que será das cascatas mais bonitas de Portugal Continental. A zona envolvente convida a um passeio tranquilo pela Natureza e pode ser um ótimo sítio para um picnic num dia quente de Verão.



Dica de Viagem: O acesso à cascata é fácil e visível desde a estrada principal. O estacionamento é escasso pelo que devem ter alguma prudência. 

9. Mata da Margaraça

A  Mata da Margaraça é considerada área protegida por ser um importante reduto da vegetação original do centro de Portugal. Os seus 68 hectares formam um bosque o que torna a Mata da Margaraça uma das florestas caducifólias mais impressionantes do nosso país. 

A Mata está referenciada documentalmente desde da segunda metade do século XIII. Sabe-se que desta mata saiu madeira utilizada na construção do retábulo da igreja da Sé Nova em Coimbra e para a construção de uma antiga ponte sobre o rio Mondego, da mesma cidade. No século XVIII a sua madeira também serviu de matéria-prima na construção do Convento de Santo António na Aldeia de Xisto vizinha, Vila Cova de Alva.


Existem vários caminhos que podem e devem percorrer pela floresta. Esses caminhos levam-vos à Casa da Eira, uma casa tipicamente serrana que está convertida em casa Etnográfica, que dá para visitar apenas por agendamento junto do Turismo de Arganil. 






Outros artigos relacionados:


Podem acompanhar os nossos Passeios de Alcatrão através do nosso Facebook e Instagram!


Em Destaque!

Caminho Português de Santiago - Variante Espiritual

  Variante Espiritual A Variante Espiritual do Caminho de Santiago une o Caminho Português com a Rota do Mar de Arousa e do Rio Ulla, uma rota fluvial-marítima, a qual representa a origem de todos os caminhos. Isto porque, foi por pela foz o rio Ulla que os discípulos hispânicos do apóstolo Santiago transportaram por barco o corpo do apóstolo até Compostela.  1. Onde começa! A Variante Espiritual começa em Pontevedra e termina em Padrón que atravessa a Comarca de O Salnés, sendo a ultima etapa percorrida de barco, o Translatio. Em Pontecessures (Padrón) a variante reencontra o caminho português. Para obter a compostela devem iniciar a Variante de Vigo ou de Porriño, caso contrario apenas vos é dado um certificado do caminho e um carimbo na credencial. A credencial deve ser pedida  Associação Espaço Jacobeus - AEJ  e é a mesma para qualquer itinerário do caminho. Caso pretendam começar de Espanha podem chegar facilmente de comboio a partir do Porto. Etapas Padronizadas: Primeira Etapa:

Rota da Linha Defensiva do Tejo - Portugal

Na Rota dos Castelos do Tejo Roteiro para 2 dias O rio Tejo é o maior rio português e da Península Ibérica, que nasce em Espanha,  Serra de Albarracim,  e desagua em Lisboa, capital portuguesa. Na época, este importante rio era uma linha de fronteira de território  natural e por esse motivo era importante manter esta região raiana bem defendida e vigiada.  Contextualização Histórica da Linha defensiva do Tejo  A função defensiva foi atribuída a várias Ordem Militares Religiosas. Entre elas estavam os Templários (Ordem do Templo), os Hospitalário (Ordem do Hospital) e, de forma indireta, a Ordem de Avis e Ordem de Santiago, que posteriormente também prestaram o seu apoio na reconquista cristã portuguesa.  São vários os castelos e atalaias que foram construídos ao longo das margens do rio Tejo, o rio mais extenso da Península Ibérica. Esta linha defensiva tinha igualmente a função de defesa de Lisboa, e função de garantia da segurança do recém Reino de Portugal, durante todo o período de

Castelo Templário e Convento de Cristo - Tomar - Portugal

Visita Guiada ao berço dos Templários em Portugal A cidade de Tomar deve a sua fundação à Ordem do Templo. A sua localização junto à linha defensiva do rio Tejo, foi um fator muito importante durante a reconquista cristã da Península Ibérica.  Dicas de Viagem: O estacionamento disponibilizado para os visitantes do Convento de Cristo é pago e aos fins de semana fica lotado em pouco tempo. Existem alternativas de estacionamento gratuito no centro da cidade, sendo que depois têm que subir até ao castelo a pé. As visitas são gratuitas, todos os domingos de manhã até às 14h, , apenas para residentes em Portugal. Visitar o Convento de Cristo Este roteiro é baseado na nossa experiência pessoal. Felizmente vivemos numa cidade próxima de Tomar e temos a oportunidade de visitar este Convento inúmeras vezes, e sempre que voltamos aprendemos mais sobre o monumento e sobre os templários. Esperamos que se consigam apaixonar pelo Convento de Cristo tal como nós! Quem eram os templários! A Ordem do

Aldeia Labrega - Galiza - Espanha

  A Galiza em miniatura A Aldeia Labrega é uma recriação de uma aldeia típica galega. Está localizada na Rota da Pedra e da Água, um trilho que faz parte da Variante Espiritual do Caminho de Santiago, muito  de Ribadúmia, na localidade Os Castaños.  Este conjunto escultório representa a vida quotidiana de uma aldeia típica galega do século XX. Aqui encontramos a réplica de uma igreja românica, um pelourinho, um forno, um celeiro (espigueiro ou canastra), animais domésticos e pessoas.  Encontrámos a Aldeia Labrega durante o nosso Caminho de Santiago e depressa nos encantámos com este pequeno miminho. Criámos uma empatia tão gira com o lugar que logo o batizámos como "A Galiza dos Pequenitos"! Outros artigos relacionados: Caminho Português de Santiago - Variante Espiritual O que visitar em Santiago de Compostela Podem acompanhar os nossos Passeios de Alcatrão através do nosso Facebook e Instagram!