Emerita Augusta
Roteiro para um ou dois dias
Mérida, uma encantadora cidade espanhola localizada nas margens do rio Guadiana, possui um vastíssimo património arquitectónico. Mérida é um excelente destino de fim de semana, uma vez que se encontra muito perto da fronteira o que poderá ser uma excelente vantagem para quem viaja de carro.
Um viagem no tempo...
Mérida, a Emerita Augusta, foi fundada por Augusto em 25 a.C como Emerita Augusta tornando-se a capital cultural e económica da mais ocidental província, a Lusitânia na época do Império Romano. A presença romana é muito acentuada nesta cidade, representando um centro nevrálgico de arqueologia e Historia do império, sendo que em cada esquina encontramos vestígios dessa época.Antes de visitar!
Mérida, à semelhança de outras cidades europeias, oferece aos seus visitantes a possibilidade de comprarem um bilhete combinado com acesso aos vários museus e monumentos da cidade. Este bilhete combinado custou-nos 15€ e permite visitar o Teatro e Anfiteatro Romano, a Casa de Mitreo, os Columbários, a Alcazaba Árabe, a Cripta de Santa Eulaulia e o Circo Romano. Escusado será dizer que este bilhete combinado compensa. O bilhete combinado pode ser comprado na bilheteira do Teatro e Anfiteatro Romano. O Museu Nacional de Arte Romana não está incluído neste sistema, mas devem inclui-lo no vosso roteiro, e a boa noticia é que aos Sábados depois das 14h e aos Domingos a entrada é gratuita.
Para visitar Mérida aconselhamos que o façam de carro. Passando a fronteira de Marvão basta seguir a direcção de Cáceres e logo encontram também a direcção de Mérida. A cidade é relativamente pequena, sendo que a pé conseguem deslocar-se na cidade. Aconselhamos que quando reservarem o vosso alojamento garantam de imediato estacionamento para carro. Existem estacionamentos públicos pagos que têm acordos com alguns hotéis e pensões, onde poderão estacionar o vosso carro por um preço mais simpático. Caso não estejam dispostos a pagar estacionamento ou só estarão em Mérida por um dia, sugerimos que procurem estacionamento nas zonas periféricas, como por exemplo, junto ao Aqueduto de los Milagros, ou junto à estação de comboios, ou junto à praça de touros. No nosso caso, estacionámos o nosso carro no Parking Cervantes, em que por 24 horas pagámos 10€.
Este roteiro foi baseado na nossa experiência em que não definimos uma ordem de monumentos, até porque vão perceber que Mérida é um museu a céu aberto e que em todas as ruas existe uma placa em pedra ou algumas ruínas de um templo antigo.
1. Teatro Romano e Anfiteatro
O Teatro romano foi inaugurado entre os anos 16-15 a.C. sendo o promotor da sua construção o cônsul Marco Agripa, genro do imperador Augusto. Actualmente é o teatro mais bem conservado de todo o império e que actualmente ainda é utilizado como cenário de alguns concertos.
Ao lado foi construído o Anfiteatro onde decorriam lutas de gladiadores como entretenimento dos habitantes de Emerita Augusta. Sabe-se que foi inaugurado no ano 8 a. C. Iniciem a vossa visita pelo Anfiteatro e terminem nos jardins do teatro.
Junto ao Anfiteatro, fora das muralhas, existem umas ruínas, a Casa do Anfiteatro, que quando estávamos na cidade ainda não estavam abertas ao público, contudo acreditamos que a qualquer momento estejam disponíveis.
O Museu Nacional de Arte Romana possui uma coleção vastíssima de artefactos de época romana. Aqui encontramos mosaicos riquíssimos, colunas, frisos e outros elementos da construção da época que foram descobertos por toda a cidade.
3. Circo Romano
O Circo Romano foi provavelmente das maiores construções públicas a ser feita aquando da fundação de Mérida, nos primeiros anos do século I d. C. Aqui realizavam-se corridas de carros conduzidos por um auriga, carros esses que eram puxados por dois cavalos, as bigas, ou por quatro cavalos, as quadrigas. Cada prova constava em sete voltas ao redor da spina (zona central) e as metas eram colocadas nos dois vértices da spina. Normalmente a spina era muito bem decorada por esculturas e obeliscos.
O Templo de Diana era de culto imperial, foi no Século XVII que assim lhe chamou D. Barnabé Moreno de Vargas. Este templo provavelmente foi construído no final do Século I a.C. ainda na época do imperador Augusto. No Século XVI foi construído de forma a aproveitar a estrutura do primitivo templo o palácio para o Conde de Los Corbos.
5. Pórtico do Fórum
O Pórtico do Fórum foi erguido em meados do Século I a. C. Aqui estão expostos o que resta do fórum municipal da antiga Emerita Augusta.
6. Arco de Trajano
O que resta do Arco de Trajano encontra-se situado no Kardo Maximus, que era a via principal da cidade romana. Talvez desse acesso a um espaço sagrado que precederia um templo dedicado ao culto imperial do qual se acham vestígios nas imediações. Sabe-se que, apesar de ser construído em granito, era revestido a mármore com 15 metros de altura. O fórum provincial seria perto do arco, algures na Plaza de La Constituicion.
7. Museu de Arte Visigodo
O Museu de Arte Visigodo está localizado no convento de Santa Clara e alberga uma vastíssima coleção de peças que datam da ocupação visigótica da cidade aquando a queda de Roma. Também existem algumas peças referentes à época islâmica. A entrada no museu é gratuita.
A ponte Romana de Mérida foi construída pelos primeiros colonos da cidade, eram veteranos das Guerras Cantábricas que para ali foram enviados com o intuito de erguer uma nova cidade na Lusitânia. Esta foi a primeira construção de Emerita Augusta. Ao lado da ponte existiam as portas da cidade que faziam parte de um conjunto amuralhado que defendia a localidade. Após a Pax Romana essas muralhas perderam a sua utilidade.
Na rotunda, junto à ponte, está uma réplica da estatua de Romulo e Rémo para que o visitante se recorde que a capital da Lusitânia estava bem perto da sua origem, Roma.
Sabiam que...
Junto à ponte existe uma ilha, chamada a Ilha do Guadiana? Trata-se de uma ilha construída em época romana, feita de terra, que funcionava como quebra-mar. Esta talha divide as águas e minimiza as forças exercidas pelo rio. Tal acontece em Roma com a Ilha Tiberina. Atualmente esta ilha é um parque de lazer, o Parque de La Isla.
9. Alcáçova Árabe
A Alcáçova Árabe é a única construção muçulmana que se conservou até aos nossos dias. Trata-se também das construções mouriscas mais antigas em Espanha, tendo sido terminada em Abril do ano 835. A alcáçova foi construída para defender e proteger o poder político, social e religioso dos invasores muçulmanos face a levantes por parte dos emeritenses que se opunham à presença árabe, depois do longo domínio romano e mais tarde visigótico.
10. Restos Arqueológicos da Morería
Os Restos Arqueológicos são um conjunto de vestígios de construções de todas as épocas de ocupação de diferentes povos da cidade, localizados à beira do rio. Destacam-se algumas moradias, como a “Casa dos Mármores”, e metros de muralha romana do tempo da fundação Século I a.C.
11. Termas Romanas San Lázaro
12. Termas Romanas e Visigóticas e Poço de Neve de La Calle Reyes Huertas
O local das termas foi usado pelos romanos como um poço de neve e fontes termais, é único no Império Romano. Também foi usado para armazenamento de produtos perecíveis.
13. Catedral de Santa Maria la Mayor. Catedral de Mérida
14. Igreja e Cripta de Santa Eulália
O templo é dedicado à martir Santa Eulaulia que aqui foi sepultada e por isso é também a padroeira da cidade. No exterior existe uma construção chamada o Forninho de Santa Eulália e em 1612 foi construída uma capela dedicada à santa, aproveitando os vestígios de um antigo templo romano dedicado a Marte. O local onde a igreja sofreu várias alterações consoante o periodo de ocupação e o povo que a dominava. O Centro de Interpretação da Cripta de Santa Eulaulia reúne os vários episódios da História para que possamos saber mais sobre este lugar sagrado.
15. Aqueduto de Los Milagres
O aqueduto foi construído na época de Augusto, com o objetivo de fazer o abastecimento de agua à população. A água transportada por este aqueduto provém da barragem de Proserpina.
16. Praça de Touros
17. Casa do Mitreo e Columbários
A casa está construída fora das muralhas da cidade romana e terá sido edificada em finais do Século I ou início do Século II. O nome desta casa está relacionado com o culto a Mitra, devido à presença do mosaico cosmológico, pensando-se que se tratava de um santuário. Contudo, dadas as evidências é tratada como uma domus (casa senhorial) possuindo as divisões luxuosas que deste tipo de construção fazia parte. Desta casa conhece-se também a existência de umas termas privadas.
Percorrendo um corredor de cedros de alguns metros chegaremos aos Columbários. Trata-se de um conjunto de edificações que albergam no seu interior restos, incinerados e depositados em urnas, de duas famílias nobres, os Vocónios e os Julios. Era típico dos romanos prestarem homenagem aos seus mortos fora de cidade, normalmente à beira de uma estrada principal de entrada e saída da cidade. No fundo tratam-se de uma espécie de Jazigos onde eram sepultados membros de determinada família, em regra com poder económico.
18. Antiga Estrada Romana
Muito mais haverá para conhecer e por descobrir. Adorámos Mérida e esta cidade será sempre para nós um local de paragem obrigatória. A minha paixão pela História e pela arqueologia leva-me a ler alguns livros sobre esta temática. Foi no livro "Viagem ao Passado Romano na Lusitânia" da autora Lídia Fernandes, que me inspirei a visitar Mérida e saber um pouco mais desta grandiosa cidade.
Mérida é o testemunho vivo de que o Império não era apenas em Roma. Os romanos fizeram questão de levar Roma a todo o império! Visitem Mérida e embarquem nesta viagem no tempo!
Outros artigos relacionados: