Avançar para o conteúdo principal

Rota do Românico - Tudo o que precisam de saber sobre a Rota do Românico em Portugal

Uma viagem no tempo, contada através da arte...


Foi a nossa paixão pela História e pelas histórias que nos levou  a explorar esta zona do norte de Portugal e a querer saber como era e o que era o Românico. O facto de, ao percorrermos a rota,  irmos encontrando alguns recantos do mundo, motivou-nos a querer fazer todos os percursos e, em algumas situações, sairmos um pouco da rota e explorarmos outros locais. A elaboração deste artigo é feita com base na nossa experiência pessoal e no que recomendamos que façam durante a vossa viagem. Aqui fazemos uma contextualização do que é a Rota do Românico e basicamente como está organizada e dividida. Que aqui comece uma grande viagem...

A Rota do Românico

A Rota do Românico é um conjunto de monumentos edificados de estilo românico, que está integrada no vales dos rios Sousa, Douro e Tâmega, localizados nos coração do Norte de Portugal. Estas imponentes construções, de arquitectura românica, estão ligadas à fundação da nacionalidade e são o testemunho do papel relevante desempenhado pela nobreza e pelo clero em Portugal naquela época. Percorrer a Rota do Românico é como reviver a fundação de Portugal. Recuando no tempo, vamos permanecer entre os Séculos XI e XIV e perceber que o que ligou Portugal aos restantes países europeus foi a arte do Românico.

Por onde começar...
A Rota do Românico no Norte de Portugal integra 58 monumentos, divididos em sete tipologias: igrejas, mosteiros, capelas, memoriais, pontes, torres e castelos. Este conjunto de monumentos estão distribuídos por três percursos de visita:

1. Percurso do Vale do Sousa2. Percurso do Vale do Douro3. Percurso do Vale do Tâmega
    Os três percursos estão elaborados de forma a serem feitos individualmente e em alturas diferentes. Não existe uma ordem ideal, sendo que cada pessoa começa e acaba pelo que quiser. Aconselhamos que escolham os percursos consoante o tempo disponível para cada um deles. Cada um varia em número de monumentos e em tempo de visita. 



    Este percurso estende-se sobre as margens do rio Sousa e seus afluentes. Do que resta das torres senhoriais que fazem parte do percurso, conseguimos ter percepção da importância nobre que este território teria aquando a formação de Portugal. Os mosteiros aqui edificados pressupunham a construção de pontes que permitiam a mobilidade das populações e a facilidade de trocas comerciais.



    Os monumentos deste percurso estão distribuídos pelas margens do rio Douro. Pode-se perfeitamente iniciar na margem direita e finalizar na margem esquerda. Este percurso tem muito mais para nos oferecer além da arte românica. Por estes caminhos encontramos a leveza e a quietude da paisagem do Douro e das suas encostas vinhateiras. Uma boa parte do percurso é feita pela estrada 222, considerada uma das mais bonitas estradas da Europa. Podemos-vos dizer que é um percurso que vale bastante a pena!



    Este percurso envolve-nos nas margens do rio Tâmega, onde vamos encontrar construções com particularidades diferentes das restantes. Aqui predomina o românico tardio, também chamado de resistência, em que as construções são de decoração simples.


    Dicas e Sugestões para organizarem a vossa rota

    Reunimos alguns aspectos que consideramos importantes e que podem vir a ajudar a compreender um pouco mais a contextualização histórica do românico e de cada monumento. Existem ferramentas que optimizam bastante a visita e informações úteis na preparação do roteiro. Os percursos da Rota do Românico estão todos assinalados e por isso não há como se perderem. Contudo convém terem o vosso roteiro muito bem definido e estarem atentos na direcção que devem tomar. Cada monumento tem uma placa com um breve resumo da sua história.





    1. Comprar o Guia da Rota do Românico
    O Guia da Rota do Românico é um livro com toda a informação sobre a contextualização histórica do surgimento da arquitectura românica no Norte de Portugal, bem como a organização senhorial do território na época. Os monumentos estão ordenados e distribuídos pelos três percursos. Cada monumento tem a sua "ficha técnica" onde se pode saber um pouco sobre a sua arquitectura, fundação e outros aspectos relevantes da construção. Tem ainda informações complementares de locais onde comer e dormir e os centros de informações turística ou de interpretação da rota. 



    2. Descarregar a APP da Rota do Românico
    Em substituição, ou em complemento ao Guia da Rota do Românico, sugerimos que descarreguem a Aplicação Mobile da Rota do Românico, disponível para dispositivos móveis como smartphone e tablet,  acessíveis para IOS, Android e Windows. Esta ferramenta está disponível em quatro idiomas e contém muitas informações sobre os monumentos que constituem a rota. É bastante interactiva e é possível ouvir a descrição de cada monumento, o que consideramos excelente, por exemplo, para visita o monumento com crianças que ainda não sabem ler e, obviamente para invisuais.


    3. Levantar o Passaporte da Rota do Românico
    À semelhança do Caminho de Santiago, existe igualmente um passaporte da Rota do Românico, onde se vai assinalando os monumentos visitados e onde se responde a uma pergunta sobre o edifício. Este pode ser adquirido numa loja da Rota do Românico, num monumento ou no Centro de Interpretação do Românico em Lousada. O nosso foi comprado no Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa.

    O passaporte incentiva a conhecer melhor o monumento, na medida em que nos obriga a olhar para os monumentos com olhos de ver, para que possamos responder correctamente à pergunta. Com o passaporte sentimos uma motivação maior em fazer a rota, porque no final, e caso respondam correctamente a todas as perguntas, terão direito a um prémio que deve ser levantado no Centro de Interpretação da Rota do Românico em Lousada.


    4. Adquirir um Mapa da Rota
    O mapa da rota está disponível gratuitamente em qualquer ponto de informação turística da zona. Pode ser uma ajuda na determinação do início e do fim de cada percurso.


    5. Marcar Visita Guiada
    Caso queiram visitar o interior de alguma das igrejas ou mosteiros da rota devem marcar a vossa visita com os centros e informação e interpretação da rota, mediante contacto telefónico. Esta visitas podem ou não ser acompanhas por um Técnico Intérprete da Rota do Românico e implica o pagamento da visita. Existem algumas excepções e alguns momentos de sorte! Em certas situações é possível encontrarmos as pessoas responsáveis pela manutenção das igrejas e pedirmos para visitar o interior. Neste caso, podemos deixar um donativo à paroquia. Aconteceu-nos em alguns monumentos. Outra excepção é o Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, onde é o segurança quem faz a visita todos os dias, excepto à segunda e terça quando o mosteiro se encontra fechado. As visitas ao interior das igrejas vão condicionar o tempo de visita. Por este motivo, os vossos roteiros têm que tem em conta este pormenor. Nós não marcámos nada, demos lugar ao imprevisível e aceitámos o que a viagem nos ofereceu!


    6. Reservar alojamento bem localizado em cada percurso
    Os percursos não se fazem num dia e por isso temos que pernoitar em algum lugar. A localização do vosso alojamento é bastante importante na optimização do tempo do vosso percurso. O que sugerimos é que escolham um hotel, hostal, apartamento ou parque de campismo, localizado mais ou menos a meio do percurso, ou seja, no fim da primeira etapa e no início da etapa seguinte. Em cada um dos nossos percursos foi esta estratégia que adoptámos, tal como explicamos em cada um dos artigos.


    7. Organizar bem o tempo e escolher bem a altura para viajar
    O tempo muitas das vezes é o que mais nos limita nas nossas viagens ou em pequenas escapadinhas. Contudo, existe forma de contornar essa limitação, que passa por escolher bem a altura do ano. Nós recomendamos que o façam entre os meses de Abril a Setembro. Neste meses os dias são maiores e rendem mais e o clima está um pouco mais estável. Escolher um fim de semana soalheiro é o ideal, contudo caso haja alguma humidade não vai causar impedimento, porque a pedra molhada também tem a sua beleza.


    8. Levar roupa e calçado confortáveis
    A roupa e o calçado confortáveis são fundamentais em qualquer viagem. Para a rota do românico são importantes, na medida em que em algumas situações temos que nos deslocar um pouco a pé para chegar ao monumento ou até visitar um pouco da aldeia em redor, como é o exemplo do Castelo de Arnoia.

    9. Visitar o Centro de Interpretação do Românico de Lousada
    O Centro de Interpretação do Românico de Lousada é a representação contemporânea do românico em Portugal. Aqui compreendemos um pouco mais da nossa História e como tudo começou. Durante a visita respondemos a um "quizz" e no fim recebemos uma prendinha. Nós optámos por visitar apenas depois de termos a rota completa porque achámos que seria a "cereja no topo do bolo". Contudo, caso queiram visitar o centro antes de iniciar a rota, será uma excelente opção também. Futuramente irá abrir um novo Centro de Interpretação do Românico em Abrão.




    10. Glossário
    Para que seja mais fácil compreender alguma linguagem mais especifica do Românico, deixamos aqui alguns termos que irão encontrar durante o vosso percurso. Estas  imagens foram retiradas do Passaporte da Rota.

    O que vos falta agora é partirem à descoberta do românico e viverem a vossa própria experiência!

    Outros artigos relacionados:

    Podem acompanhar os nosso Passeios de Alcatrão através do nosso facebook e instagram!

    Em Destaque!

    Caminho Português de Santiago - Variante Espiritual

      Variante Espiritual A Variante Espiritual do Caminho de Santiago une o Caminho Português com a Rota do Mar de Arousa e do Rio Ulla, uma rota fluvial-marítima, a qual representa a origem de todos os caminhos. Isto porque, foi por pela foz o rio Ulla que os discípulos hispânicos do apóstolo Santiago transportaram por barco o corpo do apóstolo até Compostela.  1. Onde começa! A Variante Espiritual começa em Pontevedra e termina em Padrón que atravessa a Comarca de O Salnés, sendo a ultima etapa percorrida de barco, o Translatio. Em Pontecessures (Padrón) a variante reencontra o caminho português. Para obter a compostela devem iniciar a Variante de Vigo ou de Porriño, caso contrario apenas vos é dado um certificado do caminho e um carimbo na credencial. A credencial deve ser pedida  Associação Espaço Jacobeus - AEJ  e é a mesma para qualquer itinerário do caminho. Caso pretendam começar de Espanha podem chegar facilmente de comboio a partir do Porto. Etapas Padronizadas: Primeira Etapa:

    Rota da Linha Defensiva do Tejo - Portugal

    Na Rota dos Castelos do Tejo Roteiro para 2 dias O rio Tejo é o maior rio português e da Península Ibérica, que nasce em Espanha,  Serra de Albarracim,  e desagua em Lisboa, capital portuguesa. Na época, este importante rio era uma linha de fronteira de território  natural e por esse motivo era importante manter esta região raiana bem defendida e vigiada.  Contextualização Histórica da Linha defensiva do Tejo  A função defensiva foi atribuída a várias Ordem Militares Religiosas. Entre elas estavam os Templários (Ordem do Templo), os Hospitalário (Ordem do Hospital) e, de forma indireta, a Ordem de Avis e Ordem de Santiago, que posteriormente também prestaram o seu apoio na reconquista cristã portuguesa.  São vários os castelos e atalaias que foram construídos ao longo das margens do rio Tejo, o rio mais extenso da Península Ibérica. Esta linha defensiva tinha igualmente a função de defesa de Lisboa, e função de garantia da segurança do recém Reino de Portugal, durante todo o período de

    Castelo Templário e Convento de Cristo - Tomar - Portugal

    Visita Guiada ao berço dos Templários em Portugal A cidade de Tomar deve a sua fundação à Ordem do Templo. A sua localização junto à linha defensiva do rio Tejo, foi um fator muito importante durante a reconquista cristã da Península Ibérica.  Dicas de Viagem: O estacionamento disponibilizado para os visitantes do Convento de Cristo é pago e aos fins de semana fica lotado em pouco tempo. Existem alternativas de estacionamento gratuito no centro da cidade, sendo que depois têm que subir até ao castelo a pé. As visitas são gratuitas, todos os domingos de manhã até às 14h, , apenas para residentes em Portugal. Visitar o Convento de Cristo Este roteiro é baseado na nossa experiência pessoal. Felizmente vivemos numa cidade próxima de Tomar e temos a oportunidade de visitar este Convento inúmeras vezes, e sempre que voltamos aprendemos mais sobre o monumento e sobre os templários. Esperamos que se consigam apaixonar pelo Convento de Cristo tal como nós! Quem eram os templários! A Ordem do

    Aldeia Labrega - Galiza - Espanha

      A Galiza em miniatura A Aldeia Labrega é uma recriação de uma aldeia típica galega. Está localizada na Rota da Pedra e da Água, um trilho que faz parte da Variante Espiritual do Caminho de Santiago, muito  de Ribadúmia, na localidade Os Castaños.  Este conjunto escultório representa a vida quotidiana de uma aldeia típica galega do século XX. Aqui encontramos a réplica de uma igreja românica, um pelourinho, um forno, um celeiro (espigueiro ou canastra), animais domésticos e pessoas.  Encontrámos a Aldeia Labrega durante o nosso Caminho de Santiago e depressa nos encantámos com este pequeno miminho. Criámos uma empatia tão gira com o lugar que logo o batizámos como "A Galiza dos Pequenitos"! Outros artigos relacionados: Caminho Português de Santiago - Variante Espiritual O que visitar em Santiago de Compostela Podem acompanhar os nossos Passeios de Alcatrão através do nosso Facebook e Instagram!