A vila mais portuguesa de Espanha!
Roteiro para um dia!
Olivenza é uma vila espanhola, localizada a cerca de 22 km de Elvas e 24 km de Badajoz. Na prática, esta vila pertence à comunidade autónoma da Estremadura, mas na perspectiva do governo português, Olivenza, pertence por direito ao Alto Alentejo. Este litígio entre os dois países dura há mais de 200 anos, contudo as populações raianas de ambos os lados vivem e interagem pacificamente, desde sempre.
Origem de Olivenza
Olivenza sempre foi portuguesa, especialmente após o Tratado de Alcanises (1297), em que o rei D. Dinis de Portugal e o rei Fernando IV de Castela definem as fronteiras geopolíticas entre os dois países. terminando assim as guerras de conquista territorial entre ambos. As fronteiras mantiveram-se assim, até 180, quando perdemos Olivenza para o espanhóis, no contexto das invasões francesas. A partir desse momento o rio Guadiana passou a fazer fronteira entre Portugal e Espanha. Napoleão quis impedir o abastecimento de portos aos ingleses, antigos aliados portugueses, mas Portugal não cedeu às exigências, e Napoleão mandou um exército espanhol invadir Portugal. Esse exército era liderado por Manuel Godoy, que conseguiu tomar a cidade de Olivenza, ficando este episódio histórico batizado como a Guerra das Laranjas. Em 1815 Napoleão sai da guerra derrotado, e nesse ano acontece o Congresso de Viena, onde é feita a exigência da reposição das fronteiras europeias. Nesse congresso, a Espanha comprometesse a devolver este território a Portugal, algo que nunca acontece.
Durante 500 anos em Olivenza portuguesa foram construídos imponentes monumentos que marcaram esse período de forma muito significativa. Património esse que foi construído entre os séculos XIII e XIX.
1. Alcáçova e Torre de Menagem (Castelo)
O castelo ocupa o lugar original de uma fortaleza templária do século XIII, da qual não restam vestígios. Em 1334 o rei D. Afonso IV, sucessor de D. Dinis recupera a alcáçova do castelo de origem muçulmana, constrói a torre de menagem de 37 metros e o recinto muralhado em redor do povoado.
2. Igreja de Santa Maria do Castelo
A Igreja de Santa Maria do Castelo é a igreja matriz de Olivenza. O edifício original era templário, tendo sido reconstruída pelo rei Filipe II de Espanha (D. Filipe I de Portugal) em 1585. D. Filipe terá recuperado o modelo da Igreja de Madalena, construindo a fachada em torre, com três naves abóbadas e uma enorme monumentalidade. Contudo, o estilo decorativo é diferente, nesta igreja foi aplicado o Classicismo, onde imperam as colunas lisas com capiteis jónicos. No fundo esta igreja representa a afirmação de D. Filipe fase à obra anterior do rei D. Manuel na Igreja da Madalena. Junto ao altar-mor existem algumas sepulturas da família de Vasco da Gama. O grande ex-libris deste templo a presença de uma Árvore da Jessé, junto ao altar-mor.
A Árvore de Jessé é uma metáfora bíblica entre o novo e o velho testamento. No fundo trata-se da Arvore Genealógica de Jesus Cristo, cujas raízes nascem da figura de Jassé, pai do rei David, e que depois se ramificam os 12 reis de Israel dos quais descendem Maria e Jesus. Os reis são figuras de Velho Testamento e Maria e Jesus são do Novo Testamento. Esta obra mede 15 metros de altura, e está considerada das mais altas.
3. Padaria de El-Rei
O edifício da Padaria está localizado discretamente atrás da Igreja de Santa Maria do Castelo. Após o terramoto de 1755 o edifico foi reconstruído adotando o estilo arquitetónico pombalino (neoclássico português). Os quatro fornos desta padaria alimentaram 1500 soldados que pertenciam ao exército português no século XVIII em Olivenza.
4. Igreja da Madalena
A Igreja da Madalena foi construída na primeira metade do século XVI por ordem do rei D. Manuel I. A igreja tem caraterísticas muito peculiares, apresenta uma fachada em torre, ameias em redor do telhado, três naves abobadadas, um portal renascentista e uma enorme monumentalidade. No seu interior encontramos uma mistura de elementos da arquitetura manuelina, com renascentista e barroca, fruto dos seus 500 anos de abertura ao culto. Durante esse tempo houve necessidade de ser atualizada consoante os gostos da época.
No seu interior destacam-se as colunas de pedra com efeito visual destorcido que suportam o peso do teto. Esta ideia de modelagem de um material duro como a pedra contrasta com a leveza que o manuelino pretende atribuir a este material.
Outra curiosidade muito interessante desta igreja, prende-se com a presença do túmulo de Frei Henrique de Coimbra. Este frei foi capelão da armada de D. Pedro Alvares Cabral, tornando-se no primeiro sacerdote a celebrar a primeira missa em solo brasileiro. Frei Henrique tornou-se também o primeiro bispo de Ceuta e Olivenza terá sido a sua residência. Na condição de confessor do rei D. Manuel I, foi aqui sepultado no ano de 1532.
5. Portal do Edifício do Ayuntamiento
O edifício do Ayuntamiento é bastante simples, com excepção do seu Portal Manuelino. Este portal é claramente uma mensagem de D. Manuel e o símbolo de Portugal. Pensa-se que este portal tenha pertencido à igreja da Madalena e removido aquando a substituição pelo atual.
6. Igreja da Misericórdia
A Puente de Ajuda na sua origem permitia a ligação entre duas localidades portuguesas. Após a invasão espanhola, no contexto das guerra napoliónicas, passou a permitir a passagem entre dois países, situação política que implicou tornar o rio Guadiana a fronteira em Portugal e Espanha. Trata-se de uma ponte manuelina, construída no século XVI, e que terá sido abandonada no século XVIII. A ponte nova, construída próxima desta, foi construída pelos portugueses que ainda mantêm a pretensão de recuperar esta região do Guadiana para Portugal.
A primitiva capela terá sido construída no reinado de D. Manuel I, muito provavelmente em agradecimento pela construção da ponte de enorme envergadura. Encontra-se no cimo de uma pequena colina, voltada para o Guadiana.
10. Castelo de Miraflores
Localizado a cerca de 17 km a sul de Olivença está o Castelo de Miraflores, sobranceiro à localidade de Alconchel. O Castelo de Miraflores é de origem árabe e foi reconstruído no século XII.
Dica de Viagem: O Castelo de Miraflores está aberto a visitas apenas aos fins-de-semanas e feriados.
11. Castelo de Juromenha
Juromenha é uma aldeia alentejana, pertence ao Alandroal, e está implantada numa colina sob o rio Guadiana, na margem oposta a Olivenza. Destaca-se a vista sob o rio Guadiana e a sua imponente fortificação. A primeira fortificação tem origem na segunda metade do século IX. Durante mais de 200 anos foi praça-forte de defensa de Badajoz, e terá pretendido ao Califado de Córdoba desde o século X. D. Afonso Henriques conquista-a pela primeira vez em 1167, mas só passa definitivamente para a coroa portuguesa em 1242. Em 1312 o rei D. Dinis manda reconstruir a fortaleza e concedeu-lhe Carta Foral. Com a Guerra da Restauração foi construído um fortim.
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