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Montalegre - Parque Nacional Peneda-Gerês

A  terra das bruxas e das superstições!


"Ai! Não Há Gente 

Mais Valente e prazenteira 

Do que esta cá da fronteira

Do Norte de Portugal!

Nem tão alegre

Como a tua, ó Montalegre
Gente forte cá do Norte
Que nada tema, afinal!"

in Marcha de Montalegre



Roteiro para 1 dia


Montalegre é uma pequena cidade transmontana que, apesar de estar localizada fora do perímetro do Parque Nacional Peneda-Gerês, está incluída na região do Barroso e, de certa forma, acaba por dar algum protagonismo ao parque. Montalegre é a capital do Barroso da Rota da Terra Fria Barrosã.


É de facto uma cidade de bruxas e superstições, uma vez que é em Vilar de Perdizes, uma aldeia vizinha, que decorre anualmente o Congresso de Medicina Tradicional, que atrai curandeiros, videntes, bruxos e cartomantes, com destaque para o puder curativo das plantas impulsionado pelo Padre Fontes. Este "festival" acaba por ser uma forma de atrair curiosos àquela aldeia perdida no mapa. Ora falando em bruxas e demónios, aqui o Halloween é celebrado com algum rigor e carisma que não acontece em mais lado nenhum do país. As Sextas-feiras 13 são igualmente celebradas sob os esconjuro dos demónios!

A Queimada da Bruxa... O Esconjuro! 

"Sapos e bruxas, mouchos e corujas, demonhos, trasgos e dianho, spíritos das eneboadas beigas, corvos, pegas e meigas, feitiços das mezinheiras, lume andante dos podres canhotos furados, luzinha dos bichos andantes, luz de mortos penantes, mau olhado, negra inveija, ar de mortos, trevões e raios, uivar de cão, piar de moucho, pecadora língua de má mulher casada cum home beilho. Vade retro, Santanás, prás pedras cagadeiras! (...) Se é verdade que tendes mais poder que as humanas gentes, fazei que os spíritos ausentes dos amigos que andam fora participem connosco desta queimada!" in Queimada

Esta "oração" é dita durante a Queimada nas celebrações das Sexta 13 de Montalegre. É uma alegoria ao esconjuro das bruxas no passado.

O que visitar em Montalegre!
Muito há para ver em Montalegre. Contudo, da cidade apenas vamos destacar o que consideramos que devem obrigatoriamente visitar. Esta seleção foi feita mediante a nossa experiência pessoal.

O Castelo Medieval 
No lugar do castelo existiu um primitivo castro de um povoado que terá aproveitado o local estratégico ideal para sua proteção. De seguida, chegam os romanos, mediante os achados de moedas e lápides dessa época. Os Suevos, Visigodos e Mouros também ocuparam o lugar do castelo. Após a reconquista cristã, o castelo passou a pertencer ao Reino da Galiza, sendo que após a criação da nacionalidade e a independência portuguesa, este castelo passou a ser de Portugal. O castelo de Montalegre, juntamente com o Castelo de Piconha e o Castelo de Portelo, formaram no passado uma importante linha de defesa raiana. Estes dois últimos castelo praticamente já não existem!


Em 1273 aquando a atribuição de foral à cidade pelo rei D. Afonso III, o castelo ainda não teria sido construído completamente, contudo pelo menos em 1281 já existiria pelo menos parte dele. Isto porque numa carta de D. Dinis para D. Isabel, nesse ano, este menciona o castelo de Montalegre como um dos doze castelos por ele oferecidos à sua esposa.


O castelo de Montalegre conserva três torres de destaque, a Torre de Menagem cujos mata-cães são o que a caracterizam, a Torre de Relógio, onde foi colocado um relógio no século XIX, e a simples Torre Pequena.





A Igreja do Castelo de Montalegre
A Igreja do Castelo foi igreja matriz antes da construção da igreja nova. Foi construída muito próxima do castelo de onde se pode usufruir de uma vista sobre parte da vila medieval. A singela igreja está rodeada por frondosas árvores que lhe conferem uma antiguidade especial. Apesar da sua construção ser de origem medieval, a traça atual deve remontar ao século XVII. Tal como é comum nesta região, reparem na torre sineira que está separada do corpo principal do templo tendo acesso próprio pelo exterior.



O Ecomuseu do Barroso - Espaço Padre Fontes
O Espaço Padre Fontes é um espaço museológico albergado por um edifício medieval recuperado, localizado mesmo ao lado do castelo. Neste museu estão reunidos um variado espolio de utensílios etnográficos da região e alguns trajes típicos, bem como alguns achados arqueológicos. Visitar este museu é praticamente obrigatório, porque para além de ser um local de conhecimento é também um local onde se pode sentir a terra barrosã.







Uma das salas do museu é dedicada aos produtos da terra, ou seja, o visitante pode tocar nos cereais que se produzem no campo e que são o alimento das populações. O mesmo acontece com as ervas medicinais, sendo um espaço dedicado ao Padre Fontes, o visitante pode cheirar e conhecer as plantas utilizadas para fins medicinais. Abram as panelas e cheirem!




Montalegre e muito mais...
Existem algumas aldeias nos arredores que devem incluir no vosso roteiro, até porque irão ouvir falar delas durante a visita a Montalegre.

Aldeia de Paredes
A aldeia de Paredes está localizada muito próxima de Montalegre, cerca de 15 km, em pleno Parque Nacional Peneda-Gerês e é caracterizada pelas suas casas em granito. Atualmente apenas é permitido reconstruir casas em granito de forma a preservar a arquitetura antiga.






Aldeia de Arcos 
A aldeia de Arcos localizada próximo de Montalegre, cerca de 18 km, e é caracterizada igualmente pelas construções em granito. Contudo esta aldeia tem uma particularidade, foram encontrados vestígios de ocupação humana na época do Império Romano. Perto de Paredes passaria uma via romana, a Via XVII construída na dinastia Júlia Claudina. Atualmente a aldeia é conhecida pela sua Fonte Romana.

Aldeia de Torre de Boi 
A aldeia de Torre de Boi está localizada entre Pitões da Júnias e Montalegre. Trata-se de uma aldeia tipicamente transmontana onde foi construída uma torre. Não é uma torre qualquer, é um monumento comemorativo construído em forma de torre quadrangular que no cimo ergue-se um campanário e dois pináculos, em que a meio está gravada na pedra uma figura da cabeça de um touro com uma inscrição de 1933. Esta torre foi construída com um prémio ganho numa chega de touros. A torre está anexada à corte de boi do povo e é motivo de orgulho da população.

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